Aqui é o seu lugar

Então você é como um daqueles tantos outros: fica de olho em uma calça linda (e cara) mas não compra por dó dos 140 reais e, minutos depois, gasta esse mesmo valor com coisas bestas que jamais vai usar, tipo um par de brincos com pingente de xamã, um leque chinês e um porta-qualquer-coisa? Pois é: a soma (das parcelas) e a subtração (do salário) são as contas mais complexas que a matemática já nos apresentou.

Aprochegue-se, sente-se e tome um café! Aqui é o seu lugar e é com você mesmo que eu quero falar. A ideia é: gastar bem e sempre, de forma moderada e inteligente. Juntos, a gente consegue.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Mentira! Pode ir gastar :)

[Dia 5] Que coisa mais linda! Você tem uma lista bem bonitinha na mão, cheia de números, cifras e rabiscos. Agora é só guardá-la na gaveta, ir ao ahopping e comprar um sapato para se animar e se esquecer desse negócio de planejamento financeiro, não é?

Pode até ser. Se você considera qualidade de vida rezar para o cartão passar e não almoçar nos últimos dias do mês porque você vendeu o visa vale para pagar o ônibus, ok. Cada um é feliz e tem o que merece, não é mesmo? Mas por favor, retire-se porque este espaço cibernético é voltado àqueles que querem mudar de vida e ter uma graninha sobrando no fim do mês. Àqueles que querem comprar por prazer e dormirem tranquilos porque sabem que não precisarão vender as cuecas no farol para comprar uma Coristina D. Vai, chispa!


Se você ficou, é hora de jurar a si mesmo que vai mudar. Ensinar a fazer listinha com receita e despesa qualquer blog mequetrefe consegue, filhão e filhona. O negócio aqui é mais complexo e requer mais psicologia: você precisa querer mudar. E simplesmente aceitar que, por um período de tempo, a vida vai ficar complicadinha.

Você vai abrir mão da cervejinha com os amigos no fim de tarde (não interessa que é verão e tradição pós-expediente), não participar nem do amigo secreto - que já é sinônimo de pobreza coletiva - para salvar os R$ 20 que virariam meia para o seu avô e seguir à risca esse seu planejamento nascido da listinha cheia de números, cifras e rabiscos.

Pendure ela na geladeira, na parede do quarto ou do banaheiro, para os momentos de reflexão. Ela é o seu mantra, sua única verdade e aquela a quem você deve obediência e justificativas.

A coisa vai ficar feia. Por isso que eu "falei", no texto anterior, que este talvez seja o post mais importante de todos. É aquele no qual você decide se vai ou se racha. Se guarda o papel na gaveta e compra o par de sapatos ou se pendura a dita cuja na geladeira e assume para si mesmo: vou ficar na pindaíba por um tempo, mas depois vou emergir que nem uma diva (ou um fênix, para os leitores do sexo masculino mais voltados ao universo mitológico). Vamos nessa que eu to contigo!

Sua missão de hoje é: não se desesperar. É só uma fase

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Com a faca na mão

[Dia 4] Acho que lhe preparei bem para esse momento, não é mesmo? Você não teria chegado até aqui, o quarto passo da caminhada, se não estivesse realmente a fim de mudar de vida e por ordem na casa. E como eu já alertei que não seria fácil, hora de dar uma olhadinha no lado direito de sua lista e ver o que você pode cortar. E, principalmente, o que você DEVE cortar.

É preciso identificar os supérfluos e achar alternativas inteligentes. O primeiro a ser assassinado sumariamente é o celular. Especialmente se você tem mais de um. Conta pós-paga? Esquece. Fique com o pré mesmo, e sem crédito algum. Pós é coisa para gente controlada e, se você fosse do time delas, nao estaria aqui, lendo este blog. Por favor, sem melindres e sem levar as coisas para o lado pessoal. Mudanças efetivas não são atingidas com carinho na cabeça.

TV à cabo é outra conta cortável. Assim como academia, revista Caras e similares (iugh!), doces, passeios caros, viagens, manicure, pedicure, lava rápido, entre outros. O que você jamais, em hipótese alguma, pode tirar de usa lista de prioridades são convenio médico, seguro do carro e da casa. E internet, obviamente. Como você vai ler os próximos ensinamentos da educação financeira? Assim complica...

Brincadeiras à parte, é preciso avaliar o que você tem e o que você pode ter. A prestação do carro, mais combustível e seguro estão lhe afundando? Venda e transfira a dívida para outra pessoa. Em posts futuros, daqui a algum tempo quando você estiver mais estabilizado ou estabilizada, falarei de formas inteligentes de comprar um carro sem tanto dinheiro. Mas não agora, a fase é outra.

Em situações como esta, vale a máxima: não gaste hoje o que pode render-lhe retorno amanhã. Mais vale abrir mão de um padrão de vida que você se sufoca para ter do que afundar-se em sua própria tentativa de melhorar sua situação. Uma vida sólida financeiramente depende de bases igualmente sólidas, formadas por pilhas de dinheiro rendendo no banco. É tipo o Brasil e o FMI: agora, que vamos emprestar quase US$ 15 bilhões para o fundo, revertemos nossa situação de primo-pobre e mostramos quem veio botar banca. Faz bem para o ego. E se o ego está devidamente massageado, as coisas positivas fluem naturalmente.

Voltando à poda, acabe com tudo o que pode comprometer seu orçamento. Gasta com restaurante no trabalho? Leve comida de casa. Vai gastar R$ 15 em uma revista? Procure conteúdos similares na internet, a mãe dos pobres e dona de uma cultura inigualavel. Faça suas próprinhas unhas. Lave seu carro. Lave sua roupa. Cozinhe sua comida. Pense antes de gastar cada real de sua carteira. E acima de tudo, tenha em mente: isso é apenas uma fase. Uma fase chata, mas que vai passar. E lhe ensinar muito também.

A parte mais crucial, talvez, virá no próximo post.

Sua missão de hoje é: descredenciar cada contrato considerado como supérfluo

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Curto ou longo?

(não, não é café. é prazo!)

[Dia 3] Fez aquela lista? Espero que sim e, principalmente, que tenha sido honesto ou honesta quanto aos mínimos detalhes.

Para facilitar, vamos fazer assim: coloque todos os gastos miúdos em uma mesma cesta. Por exemplo:

- Sorvete: R$ 2,50 ao dia
- Revista: R$ 15 a mês
- Lanche na padaria: R$ 5 ao dia
- Manutenção de conta corrente: R$ 10 ao mês

(e assim por diante)

Total de "gastos miúdos" por semana: R$ 30
Total por mês: R$ 120

(não me acuse de fazer a conta errada! ela é meramente ilustrativa. Se eu quisesse, o lanche na padaria poderia valer R$ 150 e você não teria o direito de reclamar.. hehe)

Assim sua planilha será montada de uma forma muito mais simples e prática. Pois bem.

Agora, analise o resultado de seus gastos mensais: o que é realmente fixo (água, luz, aluguel) e o que é fixo-variável (cartão de loja cujas prestações estão acabando e outros crediários).

Com base nisso, você faz sua provisão financeira de longo prazo. Veja:

- Cartão de loja: mais 3 parcelas de R$ 150 (dezembro, janeiro e fevereiro)
- Crediário da geladeira: mais 5 parcelas de R$ 220 (dezembro, janeiro, fevereiro, março e abril)
- Viagem: mais 4 parcelas de R$ 100 (dezembro, janeiro, fevereiro e março)
- DívidaQueNãoAcabaMais: 10 parcelas de R$ 50 (blablablabla)

Assim fica fácil ter uma ideia real de sua situação e avaliar o que deve ser feito em um período maior de tempo.

No próximo post será hora da carnificina.

Sua missão de hoje é: preparar-se para ser mais auto-suficiente. Você vai entender

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Passando a limpo

[Dia 2] Que uma coisa fique clara antes de começarmos: nunca disse que isso seria fácil. Sem promessas, é hora de, realmente, botar a mão na massa.

Então você não está nada bem, financeiramente falando? O dinheiro é sugado pelo limite do seu cheque especial tão logo chega o quinto dia útil e as contas não param de cair no débito automático? Ou então elas batem e voltam e aquela loja com cartão próprio já ligou cinco vezes para você nesta semana pelo atraso de dois meses no pagamento da fatura? Melhor (ou pior): cortaram a linha pós-paga do seu celular por falta de pagamento e você ficou apenas com aqueles outros dois telefones móveis de crédito (e sem nenhum crédito, veja bem)? E, no meio do caminho, sua mãe ainda me fica doente e você tem que recorrer ao dinheiro que não tem para comprar remédio?

Nestes momentos você se sente o último burguês que não deu certo de todo esse Brasil e lamenta sua falta de sorte, não é mesmo? Pois largue a mão e se achar tão especial.

Você é tão endividado quanto a pessoa que se sentou ao seu lado no ônibus ou quanto aquele cara dentro do carro bacana. Gastar mais do que ganha é algo inerente ao ser humano relegado a esse mundo regido pelo dinheiro. E e não me venha esbravejar com discursos neo-socialistas porque na hora de comprar aquela roupa nova você bem que gosta do capitalismo. Todos nós gostamos!

O primeiro passo, queridão e queridona, é parar de se achar vítima. Deixar de culpar os outros pelas suas contas a vencer e partir para a ação.

Um exerício simples é a famosa lista de controle. Pegue um pedaço de papel e escreva, do lado esquerdo, seu rendimento mensal líquido. Veja bem: LÍQUIDO. Se é salário, precisa descontar o INSS, IR e até aquele um real simbólico que a firma abate para compensar seu vale refeição.

O pior vem agora, prepare-se: do lado direito, escreva todos seus gastos. Veja bem: TODOS. Até aqueles dez reais que você deve para a vizinha que vende cosmético por catálogo e o sorvete que você gosta de tomar de fim de semana. Tudo, tudinho.

Em momentos como este, tendemos a esquecer de algumas coisas. Não o faça. E não inclua na lista o limite do cheque especial, por enquanto. Vamos por partes.

Após isso, basta somar todos os seus gastos mensais e subtraí-lo do seu salário líquido. Triste, não é? Falaremos dos próximos passos em um terceiro post.

Sua missão de hoje é: inserir na lista aquela conta que você considera insignificante demais para merecer um lugar só dela entre suas despesas. Não a menospreze

domingo, 22 de novembro de 2009

Você não está só

[Dia 1] Dinheiro. Pode ser a salvação ou a perdição de alguém. O modo como cada um lida com ele é o que dita a saúde financeira - e por que não psicológica - de uma vida inteira. Besteira? Pois eu digo que não.

Vamos aos fatos: a maioria da população, acredito que em torno de 80% dela (a proporção que não tem um contracheque polpudo), gasta mais do que ganha. Por isso que o limite do banco, o cartão de crédito e até aquele empréstimo bacana que o banco garante estar pré-aprovado acabam segurando os últimos dias do mês, que insiste em ser mais comprido que o salário.

E vamos combinar. Quanto mais além do salário você gasta, menos importância tem esse ato. "Já to lascada mesmo, não são dez reais que vão mudar minha vida!". Mas são. Para um endividado, qualquer um real, acredite, muda o rumo das coisas. Isso tudo por causa de uma coisa mágica inventada pelo capitalismo: os juros.

"Mas eu tenho dez dias sem juros no cheque especial! Isso não pode se tornar um problema". Vai nessa, filho. Dez dias passam voando quando é preciso pagar um credor. E acredite: o banco não faria uma promoção dessas se acreditasse que você, além de oito entre dez pessoas, não se perderia no prazo.

Aproveitando o gancho, esse negócio do tempo tem uma relatividade absurda. Quando é para cair o adiantamento ou o próprio salário, o dia nunca chega. Não adianta marcar o calendário, fazer reza braba ou pedir uma forcinha para a sorte. Agora quando é para pagar conta, a coisa muda de figura. Se o seu salário cai no dia cinco e a prestação do carro vence no dia oito, pode ter certeza absoluta que a segunda data, inexplicavelmente, chegará antes da primeira. Juro.

Pois bem. Depois de alguns devaneios, vamos ao que interessa: estou aqui para lhe ajudar. Porque viver com a corda no pescoço tira a alegria de qualquer um. E este blog é para mostrar que, por mais que você esteja até com o joelho atolado dentro da jaca, é possível sair dessa. Para isso, basta manter o dedos unidos - e longe de cartões e folhas de cheque - e fazer força para se desprender dessa situação. Você vai conseguir. Eu já consegui.

A partir de agora, a vida é nova. Então vamos às regras do jogo.

Sua missão de hoje é: não gastar nem um real