Aqui é o seu lugar

Então você é como um daqueles tantos outros: fica de olho em uma calça linda (e cara) mas não compra por dó dos 140 reais e, minutos depois, gasta esse mesmo valor com coisas bestas que jamais vai usar, tipo um par de brincos com pingente de xamã, um leque chinês e um porta-qualquer-coisa? Pois é: a soma (das parcelas) e a subtração (do salário) são as contas mais complexas que a matemática já nos apresentou.

Aprochegue-se, sente-se e tome um café! Aqui é o seu lugar e é com você mesmo que eu quero falar. A ideia é: gastar bem e sempre, de forma moderada e inteligente. Juntos, a gente consegue.

domingo, 6 de junho de 2010

Fundo de cabo é ralo

[HoradeInvestir] E não é que um dia eu olho para este esquecido espaço virtual e vejo bolas de feno rolando à la velha oeste na paisagem? A portinhola de entrada da casa - toda fora de ordem, coitada - quase não abre de tão emperrada. O chão está sujo, a louça por lavar, ha uma porção de pó tão grossa sobre os móveis que os narizes daqueles mais sensíveis a esse tipo de estímulo praticamente caem dos rostos... eu paro e penso: putaqueopariu, que zona!

Poizé, pessoa querida. Mas eu voltei, afinal... bem, não sei o exato motivo de meu retorno, mas sei o de minha ausência. Só posso dizer que odeio matemática aplicada à economia. Enfim. Chegade lamúrias. Mas espero que você tenha reservado um dinheirinho nesse período sabático do blog e não tenha gastado os tufos como se nao houvesse amanhã. Isso porque hoje me deu uma vontadezin de falar sobre fundos de investimento.

Quando vamos colocar aquela graninha suada em alguma aplicação a primeira coisa na qual pensamos é: qual o risco? Perder aquele dinheirinho de uma hora para outra não é nada legal. Mas tambem o conservadorismo exagerado não é muito bom.

Vamos ao exemplo: conheço uma pessoa X, a qual teve parte de seus recursos aplicados em um fundo de investimento. Tudo nos conformes, se não fosse por um detalhe: a modalidade escolhida foi a renda fixa (não lembro exatamente qual delas, mas acho que era o referenciado DI) e, no período de 12 meses, a remuneração estava em 5,33%. Sabe o que significa esse 5,33%? Porranenhuma, com o perdão de uma eventual grafia equivocada (não sou muito conhecedora de francês). Isso é menos do que a poupança!

Aqueles que conhecem este estimado brog já sabem que o rendimento mínimo anual dela é de 6,17%. Fora que no fundo de investimento você tem que pagar, além do Imposto de Renda, a taxa de administração para o gestor do fundo. Caçamba, para que me pagar um indivíduo que, muito provavelmente, tem a sua idade ou metade dela (dependendo de quantas primaveras você tenha sido testemunha) e cursa alguma universidade de nome por aí pra comprar papel de renda fixa? Compre você mesmo!


Existe um negócio bem legal que se chama Tesouro Direto. É tipo um home broker de títulos da dívida do governo federal. Home broker, praquemnumsabe, é como se fosse o internet banking de sua conta na corretora de valores, na qual você compra e vende ações no mercado. Agora, se você não sabe o que é internet banking nem sei o que você está fazendo em um blog. Ou na internet. Alou, você está aí?


É legal comprar títulos da dívida do governo porque ele é a fonte mais segura. É extremamente difícil um país nao honrar os seus compromissos, porque isso gera uma série de problemas muito maiores para resolver. Não vou entrar nos pormenores porque não faz muita diferença: o fato é que é mais fácil o banco embolsar a grana que você aplicou no CDB do que o Lulinha te fazer uma banana e ir para o México com o seu rico dinheirinho.

O título da dívida paga o juro da Selic, que é de 9,75% ao ano atualmente. Bonito, né? Descontando os custos de abrir uma conta em uma corretora, pagar a corretagem e a custódia do título, rende mais do que a poupança. Mas se a Selic cair, reduz a remuneração também.

Fique esperto: investimento desse tipo é coisa de longo prazo. Incide imposto de renda e, quanto menos tempo ficar aplicado, maior é a mordida do leão. Portanto, não aplique dinheiro que pode ser usado em uma situação de emergência

Sua missão de hoje é: sei lá. A minha missão era escrever no blog pelo menos uma vez por semana e eu já não cumpri =S

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Declaração do IR: fim do prazo e nada feito? Saiba o que fazer!

[ParaSairDaRotina] Ai, zentis, e não é que esse tal de tempo passa mesmo e é preciso entregar amanhã - nada menos do que amanhã - esta porcaria da declaração do imposto de renda? Claro que você faz parte dos poucos milhões de brasileiros que deixaram esse expediente para última hora e que passarão minutos de adrenalina à frente do pc, aguardando aquela conexão congestionada ser completada e você conseguir enviar os dados até as 19h59. Porque a partir das 20h gera multa. Que orgulho de você!

E se você deixou para fazer o processo em cima da hora seria ingenuidade demais de minha parte imaginar que seus documentos já estão separados, não? Sou boba não, amiguinhos. Hoje mesmo, no trabalho, um colega esbarrou comigo no corredor e lançou a questão: preciso dos dados do ano passado para declarar? Precisa!!! Você sempre tem a opção de importar os dados da declaração anterior, a fim de facilitar o preenchimento e evitar piáus em caso de confusões. Esse amigo não tinha.



Duas horas depois ele me liga: se eu não entregar, a multa é muito cara? Claro que o preço varia conforme a sua disposição para gastar. Segundo a Receita, a multa é de 1% ao mês-calendário ou fração de atraso, calculada sobre o total do imposto devido. O valor mínimo é de R$ 165,74 e, o máximo, de 20%. Não entendeu? Amigão, acima de R$ 1 qualquer coisa é caro. E se o dinheiro não será revertido para algo que lhe faça feliz - pode ser assistir a um jogo de futebol, tomar uma cervejinha ou comprar uma meia-calça cor de abóbora - o gasto não vale a pena.

E aí vem a questã: #comofaz?

Você não tem dados, não tem tempo e não tem saco para fazer essa maletisse. Sabe o que você faz? Preencha de qualquer jeito. Sim, qualquer jeito.

Assim o envio será feito dentro do prazo. Você não paga multa e retifica os dados depois. Que bonito! Ensinamentos de séteumzísse no blog. Bem educativo!

Fique esperto: não existe um prazo para a Receita cruzar os dados que você tem na declaração com os dinheiros do banco e tale coisa. Mesmo assim, retifique o arquivo O QUANTO ANTES para evitar xabú. Neste fim de semana. Na própria sexta-feira. Ou então não fale que eu não avisei.

Sua missão de hoje é: ser mais comprometido com seu dinheirinho

terça-feira, 27 de abril de 2010

Pondo Ordem na Casa é coisa chisque!

[Respondo Mesmo] Zentiz, quanta chiquesa! Navegando pelo éter que chamamos de internet, essa tal de Carla Vila Verde - uma blogueira super da fofa - achou este humilde espaço virtual. Gostou. Me entrevistou. E publicou no blog dela, o Dia de Salto.

Quem é lindo entra lá e comenta! E quem não colaborar - além de ser feio - vai cair em tentação e comprar algo super necessário pra sua vida que estava na promoção neste fim de semana e sair do planejamento. Praga de blogueira pega!!!

Se você chegou até aqui por intermédio da Carla, fique à vontade. Vou preparar um cafezinho: enquanto isso, dá um passio por aí.

#papodelouco

sábado, 10 de abril de 2010

Essa coisa chata que se chama soma

[Dia 18] Então você está cambaleante e semi-forte no processo de controle orçamentário? Que belezura, minha gente! Vamos continuar com o processo nosso de cada dia. Afinal, como vimos no post anterior, meia hora de descuido podem lascar um mês inteiro de esforço.

Posintão. Você tem suas metas. Você sabe quanto pode (ou não pode) gastar. Mas as coisas não são tão simples assim.... sabe por quê? Porque a porcaria das continhas, por menor que elas sejam, somam-se entre si. Fílas da mãe! Você gasta R$ 20 aqui, R$ 15 acolá, R$ 35 em outro lugar e pronto: não mais do que de repente, tudo isso já representa R$ 70. Caçamba!

A planilha é muito nossa amiga nesse processo, mas tem algo menos digital e mais físico que pode ajudar na labuta diária, sem a necessidade de carregar consigo um laptop, um i-Phone ou um i-Pad (estamos falando com pessoas falidas neste espaço, e não com detentores de tecnologia de ponta): a boa e velha caderneta. E uma caneta. Porque um sem o outro não tem serventia.




Assim, você leva ele na sua bolsa, no caso de mulheres, no seu bolso, no caso de homens, ou na mochila, no caso de qualquer um dos dois, e toda vez, TODA VEZ, que gastar um dinheirinho, anote o valor. Quando chegar em casa de noite, some tudo, tome um susto e coloque o valor na sua planilha. Prontenho. Com o tempo, o controle vai ser a sua cabeça mesmo e você ficará acostumado com essa coisa louca que se chama conta de somar.

Fique esperto: se você por algum acaso louco do destino não tiver uma mísera caneta e uma caderneta, libero que você compre uma (como se acha essa blogueira mequetrefe... até parece!). Só que é assim: não tem essa de que coisas compradas para educação financeira não precisam ser contabilizadas. Pessoa louca consumista, coloque o valor pago na planilha

Sua missão de hoje é: seguir essa dica

terça-feira, 6 de abril de 2010

Sim, eu sucumbi

[Cuidado com o gorpe] Oi, pessoas abandonadas! Essas últimas semanas foram de muita aventura, confusão e animação na Terra-Louca-Do-Trabalho-Insano. Zentis, sério, nunca trabalhei tanto na minha vida (e olha que já tive dois empregos uma época). Mas valeu a pena: olha que bi-íta a revistenha que eu fazi, com a ajuda de pessoas muito maravilhosas e sensacionais.

Esse período de hibernação veio acompanhado de um projeto louco que eu fiz, o qual deveria - eu sei - ter detalhado de forma diária aqui para dar uma força: não gastar sequer R$ 1 fora do planejamento. Exatamente, nem um mísero realzinho. #Comofaz?

Sempre digo que um consumista regenerado pode ser facilmente comparado a um alcoólatra igualmente regenerado. Para manter-se na linha, é preciso viver um dia de cada vez e nunca, never, jamé, dar o primeiro gole. E eu num dei nem um golezinho em 30 dias.

J u r o

Mas como?

Eu sou uma pessoinha bem da metódita. Quem me conhece sabe. Tenho o seguinte planejamento: gastos com diversão não podem ultrapassar R$ 50 por semana. Se gasto R$ 30 na segunda, azar - ficam só R$ 20 para me fazer alegre nos próximos seis dias. E o mês passado foi uma coisa meio louca: meu namorado trabalhou de montão, assim como eu, e por isso quase não tinhamos tempo/disposição de fazer qualquer balada/barzinho/por o nariz pra fora de casa. Isso, obviamente, ajudou muito no plano. Ajudou tanto que os meus gastos chegaram à metade da meta. Coisalinda!

Veja bem: se eu economizei o dindin da diversão, poderia gastar o remanescente com coisas aleatórias e super essenciais para minha vida, como brincos, bibelôs de duendes e brincos de xamã. Mas fiz mais lindo ainda e não gastei nada. Aquela história do gole, lembra?

Certo dia minha irmã Aurea Gavião (aquela que é contabilista e que aparece com esse nick aviário nos comentários sabe-se lá Deus pq) levou em casa umas lingeries (que ela vende) para eu ver. Preço de fábrica, menina. Olhei, achei uma fofura. Virei do avesso, adorei. Coloquei em cima do sofá, pendi a cabeça para o lado esquerdo e a peça continuava lá, bonitona. Ela me olhando, eu olhando para ela. Falei para minha irmã: no, thanks!

J u r o

Outra situação: estava em uma viagem a trabalho em um fim de semana (mais um motivo para eu economizar a grana da diversão) e fiquei tentada a comprar um delicioso creme corporal com cheiro de açaí. Tudo natureba e baratenho. Quem me conhece sabe que eu adogo cremes corporais com cheirinhos. A cena (ou sena, como diz a Sasha) repretiu-se: olhei, gostei. Cheirei, amei. Pendi a cabeça para o lado esquerdo, continuei querendo. Virei as costas e fui embora da lojénha. Sucesso total!

Passou o mês. Missão cumprida. Achei que poderia comprar um coletinho bonitenho, daqueles que estão na moda, sabe? Eu, modeira que sou, fui a uma lojinha perto do trabalho adquirir minha recompensa. Baratézimo o negócio, R$ 20. Dei o primeiro gole.

Moral da história: saí com três coletes, uma bermuda social, três blusinhas e um cinto. Tudo coisa que eu precisava muito.

J u r o

Quem me conhece sabe que eu sou metódita. E quem me conhece sabe mais ainda que quando a metódita dá um descanso sequer, a Doida Louca das Compras surge. Aí lascou.

Fique esperto: contei essa história linda e efadonha para chegar a um ponto. Descontroles às vezes acontecem, ainda mais quando passamos por um período de forte provação. Exatamente por isso que não se deve dar o primeiro gole. Em vez de uma recompensa, ganhei contas para pagar. Meu esforço do mês todo foi consumido em 25 minutos em uma humilde loja na região da Berrini

Fique esperto 2: não, não vou indicar o nome da loja que vende coletes baratos

Sua missão de hoje é: traçar uma meta e não dar o primeiro gole


domingo, 21 de março de 2010

IR: informação surpresa

[ParaSairDaRotina] Caros leitores (se é que vocês existem), eu vos traí. Peço desculpas por essa postura tão egoísta e abusiva, mas o fato é que me juntei aos demais nerds da nação e entreguei minha declaração do Imposto de Renda há quase 15 dias. Sei como é feio. Também me envergonho. Não me olhem assim!

O fato é que estava um domingo em casa, sem fazer nada, e decidi colocar essa coisa chata em dia. Já que tenho que fazer, achei por bem fazer de uma vez. Faço parte das estatísticas agora. Vergonha, vergonha!

Mas vos escrevo não apenas para pedir vosso perdão e tentar reconstruir essa relação abalada pela falta de confiança - visto que, dias antes, havia escrito um post maldizendo daqueles que já tinham enviado os dados ao Fisco - mas para dar uma dica, se não preciosa, um tanto quanto útil aos gatos pingados que visitam este humilde espaço virtual (se é que eles existem).

Assumindo que sim, meus leitores existem, vamos aos fatos. Lá estava eu, lampeira, feliz e contente, preenchendo minha declaração. Como sou desprovida de filho, posses e tantas outras coisas mundanas, optei pelo modelo simplificado. Claro que no próprio sisteminha da Receita você pode ver qual o mais em conta e tal. Comparei: pelo simples, a restituição seria o dobro. Lindeza!

Mostrei o negócio para minha Aurea, que é contabilista. Já que ela está lá, é bom ver se está tudo certo e bonito. Eis que vem a supresa: é preciso declarar, na ficha de Bens e Direitos, sua conta-corrente e até o VGBL, aquela previdência privada que não garante dedução do IR. Virgi Maria! Nunca tinha declarado isso.



Ela foi lá, pegou meu informe de rendimentos do banco e declarou meu saldo em 31 de dezembro de 2008 e 31 de dezembro de 2009. Não sabia dessa obrigatoriedade e imagino que não sou a única. Segundo minha irmã, se não declarar isso, você pode tomar piáu da receita. Cuidado então!

Fique esperto: se você já declarou seu IR sem essa informação, fica tranqs: é só fazer uma retificadora. Super rápido e indolor

Sua missão de hoje é: declarar logo o IR para evitar problemas lá na frete

domingo, 14 de março de 2010

Planilha: diferença entre mês e dia

[Dia 17] Fiquei na dúvida sobre qual categoria inserir este post (sou uma pessoa extremamente organizada que chega a noiar em coisas como essas) e, no fim, entendi que seria mais adequado na bela cartilha do Consumidor Compulsivo em Regeneração Um dia a mais e uma dívida a menos.

O leitor Anônimo atacou mais uma vez, perguntando a respeito do controle da planilha. Ao que me pareceu, neste caso, trata-se de uma toda bem feitinha, produzida no Excel e, provavelmente, com o nome das despesas colorido de uma cor e os valores, de outra. Lindeza!

Mas a grande dificuldade enfrentada por essa pessoa tão assidua e participativa aqui, no Pondo Ordem Na Casa, foi o fluxo de caixa. E existe uma grande diferença em análise de orçamento mensal e diário.

Na minha opinião, a melhor forma de controlar as contas todas é utilizando o modelo do fluxo de caixa diário. Crie uma planilha com o nome do mês. Do lado esquerdo, na vertical, coloque os nomes de suas contas (Aluguel, parcela do carro, supermercado, gastos menores, academia - eu não vou, mas meu cheque vai mensalmente, entre outros) uma abaixo da outra. Assim, ó:




Porque aí é que vem o pulo do gato: tá, você sabe que ganha, sei lá, R$ 1.500 por mês. E que tem de contas a pagar R$ 1.450. Como resultado, sobram R$ 50, correto? Nem sempre. Se você recebe duas vezes no mês, tipo, dia 5 e dia 20, e suas contas se concentram na primeira semana do mês, o seu fluxo de caixa descontrola. Tem, vamos supor, R$ 1.450 em contas vencendo do dia 3 ao dia 7, sendo que no dia 5 você recebeu só R$ 750. Cadê o dinheiro para pagar tudo? Na análise mensal, sobra grana. Mas no dia a dia, no perrengue louco, você continua emprestando dinheiro do Seu Trabuco. #Comofaz?

Por isso é importante ter o fluxo de caixa arrumadin. É preciso saber quanto da grana do dia 20 você tem que guardar para aliviar o dia 5, por exemplo.

Fique esperto: nesse período de reeducação orçamentária, não caia na tentação de achar que sobrou uma grana e ir gastá-la à revelia. Espere, deixe o dindin guardado para um eventualidade

Sua missão de hoje é: organizar a tal planilha

terça-feira, 2 de março de 2010

Simplificada ou completa?

[ParaQuebrarARotina] Você entra na internet hoje e se depara com a seguinte informação pipocando em todos os sites: "125 mil pessoas enviam declaração do Imposto de Renda no primeiro dia da temporada".

Daí você olha para si mesmo, seus sapatos rotos, sua cara cansada, a barba - ou buço, no caso de semblantes femininos - por fazer, os filhos berrando ao seu lado, os carros buzinando loucamente na rua, enfim, o mundo todo conspirando para um caos sem fim, sendo que ainda não são nem 7h. Impossível não se perguntar: putaqueopariu, esse povo realmente não tem o que fazer?!



Não resisto em achar a mesma coisa, viu?

Agora é o momento de todos os chavões possíveis e imagináveis sobre imposto, felinos, mordidas e metáforas automobilísticas. Sim, caro leitor, foi dada a largada para o período de Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física 2010, ano-base 2009. E os contribuintes precisam ficar atentos para diminuir a ferocidade do leão! Haja paciência, não é? Que falta de originalidade.

É difícil escrever sobre esse tipo de coisa, talvez daí que venha essa tentativa de amansar o leão utilizando eufemismos da savana africana e outras frases de efeito que, de tão usadas, perderam o efeito.

Vamos, então, fazer um check list:


  1. Precisa declarar quem ganhou a partir de R$ 17.215,08 no acumulado do ano passado.
Tá, acho que é só isso mesmo.

Declaração é uma chatice e não tem o que fazer, a não ser entrar na onda o mais rápido possível - antes do dia 30 de abril, para não pagar multa. 

Lembro a primeira vez que declarei. Acho que tinha ganhado um real a mais do que o limite da época, nem isso. Fiquei me sentindo super importante por ser considerada pela Receita Federal. Essas coisas de imposto de renda sobem à cabeça de gente boba! O fato é que me lasquei, porque não entendia quase nada daquela coisa toda.

Bom são duas formas de declaração: simplificada, com desconto máximo fixado em R$ 12.743,63. É um jeito mais simples, como o próprio nome diz, de prestar contas. É voltado para pessoas que não têm muitas coisas para deduzir do IR, tipo gastos com educação, saúde e doações. Daí a Receita faz uma continha mais simples e ninguém da muito detalhes de nada.

Na completa - voltada para essas pessoas que tenham previdência privada do tipo PGBL, filhos e várias outras coisas dedutíveis - é preciso ter comprovantes de todos os pagamentos ao longo do ano - veja bem, dos pagamentos dessas contas dedutíveis - para detalhar tudo bonitinho.


Fique esperto: faça sua declaração toda fofa, com calma, bem antes do prazo final. Olha para ela, troca da opção Simplificada para Completa (sim, dá para fazer isso sem ser preso!) para ver qual compensa mais. E antes de enviar, CONFIRA o que você registrou

Sua missão de hoje é: começar a levantar toda a papelada necessária. E faça essa barba!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

E não é que R$ 1 faz estrago?

[PobreTabémSeDiverte] Hora de morder a língua: se tinha uma coisa que me irritava loucamente nos áureos tempos da adolescência eram aqueles blogs/fotologs e outros espaços virtuais usados como diário. "Hoje eu vi TV e comi chocolate". "Amanhã vou ao cinema com o Patrick [jovens têm esse nome, mas velhos não. Já reparou?]". "Festa na casa da, Rê, sensacional. Sons muuuito ecléticos!". "Eu e meus amigos na praia. Só curtição e azaração!".

(Se vai fazer uma coisa dessas, tente a receita de minha querida irmã Alba: cotidiano com visão divertida. Aí sim. E é verdade, eu chamo Adriele e ela Alba. Isso porque você não conhece o nome das outras três. Sim, somos em cinco, sendo quatro com nome bem "estranhinho")

Urtiguisses e merchans à parte, explico o porquê desse começo, um tanto, confuso. O fato é que vou contar meu fim de semana. Sim, leitor, desculpe-me, mas é por uma boa causa.

Se tem uma coisa que compromete a saúde mental do endividado é essa coisa insana de não poder gastar um centavinho sequer. E se é proibido gastar uma fração de Real, 30 paus no bar é, no mínimo, impraticável. E quem mora em São Paulo e mediações sabe como é compricadin mostrar o sorriso em algum lugar sem gastar esse valor.

Posintão. Se cachaça é caro por causa da alta procura, tem uma coisa que é bem em conta por conta da demanda inversamente proporcional: programas culturais. Não vou falar para você passar a tarde de sábado no Ibirapuera - apesar de ser uma linda ideia - porque isso é muito clichê. E se fosse para você ler o que já sabe, não viria aqui, correto?

Mas o fato é que fui com meu respectivo neste sábado assistir a uma amostra do inigualável Hitchcok. Ideia genial: por R$ 1 no Cine Olido, centro, ou zero real - eu disse ZERO REAL - na Biblioteca Pública Roberto Santos, no Ipiranga. Veja mais aqui.

Vimos Frenesi, que conta a história de um serial killer que mata a mulherada por enforcamento com gravatas. Suspense + pressão psicológica + humor (sim, humor) + enredo inteligente + fotografia sensacional. O local escolhido, pela sessão e horário, foi o Cine Olido, pertin da estação São Bento do metrô. A cadeira não era lás aquelas coisas e o cheiro do local era, digamos, peculiar. Mas valeu muito a pena. R$ 1 + o transporte, dá uns R$ 5. E se você for no Ipiranga, pode ver um milhão de filmes por nada.

Fique esperto: sempre há programas culturais pra se fazer em Sampa. basta perder o preconceito e mandar ver nas oportunidades

Sua missão de hoje é: recarregar o bilhete único para assistir um filme a R$ 1 e ainda nem pagar a passagem de volta para casa

Ah sim, mais um benefício

[ParaSairDaRotina] Ceres omanos que me leem, dá ate um aperto no peito quando eu abro o brog e vejo que, na verdade, a última postagem foi em nada menos do que 11 de fevereiro. Que abandono mais desleal! Sempre me irritei com esses posts de pedido de desculpas e autocomiseração, como se a existência daquele que escreve fosse assim, tão importante na vida alheia. Além disso, são promessas tão vãs essas de "vou postar mais, continuem lendo, blablabla". Ui, gente chata.

Enfim, hoje serão dois posts porque meu coração está quebrantado e sim, acho que sou importante na vida de alguém. Bom, minhas irmãs, entre elas a Alba, dão uma passadinha aqui. Pelo menos para comentar algum texto, na tentativa de que eu faça o mesmo no brog dela. Blogueiro é uma coisa umbigueira mesmo!

O primeiro post desta noite quente para bunéis é sobre a revisão do preço do IPVA em Sampa. É uma coisa tão bonita!

Olhem que lindeza esse comunicado que a Secretaria da Fazenda mandou pra imprensa:

Secretaria da Fazenda faz ajustes no IPVA de dois modelos Gol

Correções farão com que proprietários tenham direito a devolução, que já está disponível


A Secretaria da Fazenda de São Paulo fez duas correções na tabela do IPVA 2010 que resultaram em ajustes na cobrança do tributo para dois modelos do automóvel Gol, da Volkswagen. Todas as mudanças, segundo a Fazenda, foram em benefício dos proprietários de veículos.

Hahahhahahaaahah/ hehehehhehehehehhe/ hieieieieieiieie/ huauahuahuahauahauha/ kkkkkkkk

Seja qual for a risada que você utilize, querido leitor, lance mão dela agora. Benefício para os proprietários? Os manés pagam um treco que foi malcalculado, se lascam com juros e lá vai cacetada, e me falam que é coisa do bem? Nada como saber usar as palavras para, digamos, direcionar o texto.



O primeiro caso atinge os veículos Gol 1.0 G IV (código IPVA 1157780), anos de fabricação 2008 e 2009. Um erro da Fipe, que produz a tabela de valores venais para a Secretaria da Fazenda, fez com que a base de cálculo ficasse mais alta. O ajuste foi feito pelo governo, mas proprietários que quitaram o imposto em janeiro, em cota única com desconto, acabaram pagando a mais. Nesse caso, os valores a serem ressarcidos já se encontram disponíveis. Para sacar, os proprietários devem comparecer a uma agência da Nossa Caixa com os documentos pessoais e do veículo.

Ai, não vou falar mal da Fipe. Amo essa instituição sensacional, com pesquisinhas ótemas. Errar é humano, oras (e vou fazer minha pós lá! ooopsss)

Para quem fez a opção pelo parcelamento, a primeira quota também foi cobrada com valor maior. Nesse caso, o ajuste foi feito pela Fazenda na parcela de fevereiro, que veio com o desconto do que foi cobrado a maior na primeira quota. Em março, o valor já estará correto e corresponderá a um terço do valor já corrigido. Dessa forma, o valor das três parcelas somadas - mesmo que diferentes - corresponderá ao imposto devido. Contribuintes nessas condições não precisam fazer nenhum ajuste. Quem pagou o imposto em cota única em fevereiro também não precisa se preocupar: o valor já é o correto. A frota de carros nesse grupo é de cerca de 36,3 mil, mas ainda não há um levantamento de quantos fizeram o pagamento em janeiro com desconto ou parcelado.

36,6 mil que se lascaram. Eu não! =S

O segundo caso refere-se aos modelos Gol MI (código IPVA 1157370), anos de fabricação 1995, 1996 e 1998. Nesse grupo, o ajuste foi adotado como exceção à regra de cálculo, para que os contribuintes não tivessem um aumento no tributo. A antiga lei do IPVA (Lei nº 6.606/1989) previa que para os veículos usados até dez anos de fabricação a base de cálculo correspondia ao preço médio vigente no mercado no mês de setembro e para os veículos entre onze e vinte anos de fabricação era obrigatório o emprego de redutor, de tal sorte que o veículo com onze anos tinha sua base de cálculo obtida multiplicando-se o preço de mercado para o de dez anos por 0,90 e assim sucessivamente. Ou seja, o imposto correspondia a 90% do valor do ano anterior.

A nova lei do IPVA (Lei nº 13.296/2008) impõe o preço médio de mercado vigente em setembro como base de cálculo para veículos usados até dez anos de fabricação, mas tornou facultativo, para os veículos entre onze e vinte anos de fabricação, o preço médio de mercado ou a aplicação do redutor.

Você entendeu? Nem eu! Por isso que erraram o cálculo

Ante as duas alternativas facultadas pela nova lei do IPVA, a Secretaria da Fazenda elaborou em outubro de 2009 duas tabelas, de acordo com o permitido pela legislação. Naquela oportunidade, verificou-se que o valor de mercado, se aplicado para todos os veículos com mais de 10 anos de fabricação, resultaria em variações nominais maiores que o valor venal em relação ao exercício anterior, em alguns casos chegando a até mais de 60%. Assim, o governo optou por continuar aplicando a regra dos 90%.

Ahhhh sim.... (?)

No entando, a aplicação do redutor mostrou-se desfavorável para os veículos modelo Gol MI, anos de fabricação de 1995 a 1998, fazendo com que o governo voltasse atrás e abrisse, para esses casos, exceção, utilizando-se dos valores de mercado como base de cálculo. Para esses casos, que correspondem a uma frota total de cerca de 21 mil carros, os procedimentos de ajustes e ressarcimento são os mesmos já citados.

Compreendo..... (?²)

Além do Gol, outros três modelos também tiveram ajustes no IPVA 2010: Jeep G Cherokee Limited, GM Captiva Sport FWD e moto Sanyou XGW V1500W. A frota total desses veículos, somada, é de cerca de 4 mil unidades. 
 
Fique esperto: se merdas dessas acontecem, não há muito o que fazer. Em primeiro lugar você, nem eu, nem a Fipe, muito menos a Sefaz, sabemos fazer a conta direito. Só quando pessoas abençoadas admitem o erro é que recebemos o dinheiro
 
Sua missão de hoje é: aceitar que erros sim, acontecem

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Aqueles 30% - o retorno

[Dia 16.2] Olha, se você quer fazer um blogueiro feliz, basta fazer um comentário. Não sei se todo blogueiro bobo é assim, mas eu posso dizer que eu sou! É tão lindo quando o fazem de livre e espontânea vontade, sem você obrigar namorado + amigos a serem voluntários.

Uma mocinha que eu não conheço e que não coagi a participar deste humilde espaço virtual comentou o post imediatamente anterior, sobre os 30%: "Tina Bini - Que medo dessa conta! Estou MUITO longe dessas proporções...#fail!Rs"

Ela se referia, acredito eu, na divisão do orçamento, com base na média do Dieese. Quanto do salário vai para alimentação, quando para moradia e assim por diante.

Mas não é para me vangloriar como Blogueira Que Recebe Comentários que vos escrevo (tá, é um pouco!). A grande questã é analisar a situação. Realmente, quando começamos a colocar a casa em ordem, percebemos que tem uma almofada jogada no banheiro e a escova de dentes no meio da pia da cozinha. E é exatamente porque estamos na bagunça que é necessário arrumar.
 
Então, fazer essa conta para avaliar sua real situação é o primeiro passo do sucesso (#otimistaemdemasia). Tá, é o primeiro passo para você passar um período de privações nada agradavél que, aí sim, desembocará em uma zona, digamos, de um certo conforto orçamentário. Afinal, sucesso têm as pessoas que nos empregam, não é?
 
Então, enfrente essa situação! No meu caso, sem contar juros, correção monetária e outros encargos, o gasto com vestuário representava uns 50% do salário, até mais, quando as parcelas acumulavam. Loucura! Hoje posso dizer que estou na média. Não é que parei de comprar roupas (que mulher consegue?), mas agora faço isso de uma forma sustentável. Afinal, as parcelas somam.
 
Fique esperto: o diagnóstico serve para que o médico possa receitar o remédio certo. Então, nada de xurumelas e manda ver no planejamento! Mas, se você estiver fora do padrão super feliz e saltitante, sem nada fora do controle, não tem motivo para querer entrar na média
 
Sua missão de hoje é: fazer a conta e verificar se é necessário fazer parte da multidão

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Aqueles 30%

[Dia16] Se tem uma coisa que me irritava quando eu era, digamos, não comedida com a carteira era aquela coisa dos 30% do salário. Por que diabos não posso assumir uma parcela que seja superior a essa proporção mágica? Afinal, daonde saiu essa fatia de bolo cabalística que dita quanto eu posso gastar? O dinheiro é meu ou não é?

Depende. Se o dinheiro que você gasta estiver com a cor azul na conta bancária, ele é seu. Se estiver vermelho, é do banco. Lúdico, não?

Os profissionais especializados em economia domésticas, palpiteiros e outros entusiastas cibernéticos (uhnn.. quem?) não tiraram esse peso do nada. Podem até estar repetindo aos quatro ventos sem conhecer sua real importância, mas a explicação é simples: porque, filhão e filhona, viver custa caro. E além da malfadada parcela dividida em 84 vezes iguais você tem mil e uma coisas para pagar todos os meses — sem contar os imprevistos estraga-prazeres.

Para trazermos essa coisa toda a um ambiente muito mais explicativo vale citar uns dados do Dieese, aquele instituto que levanta os preços de cesta-básica, do custo de vida na cidade de São Paulo e tantas outras pesquisas. Para levar em consideração o efeito da inflação no orçamento da pessoa (o já citado custo de vida) ele cria os pesos que cada gasto tem no seu bolso. Pela média utilizada atualmente, a divisão é a seguinte:

Alimentação: 27,44%
Habitação: 23,52%
Transporte: 13,62%
Saúde: 8,18%
Vestuário: 7,87%
Educação: 6,91%
Equipamento doméstico: 6,13%
Despesas pessoais: 3,96%
Recreação: 2,08%
Despesas diversas: 0,29%


Na prática, isso significa basicamente que, pela média, o salário do paulistano é dividido da forma acima. Cada caso é um caso, mas esse é o básico, visse? Agora me diz, como você vai gastar mais do que 30% na parcela do carro ou de qualquer outra conta se tem que comer e se vestir? Triste, não?

Fique esperto: é exatamente por causa disso que você precisa daquela planilha cheia de números, cifras e rabiscos. É preciso saber exatamente quanto você ganha e quanto pode gastar. Você tem que ter completa noção e intimidade com ela. Ui!

Sua missão de hoje é: fazer uma regrinha de três para saber qual a proporção de gastos do seu salário e comparar com a média do Dieese

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Olha a mordida aí, gente!

[ParaSairDaRotina] Não adianta. Mesmo sendo endividado você precisará, invariavelmente, declarar o Imposto de Renda.

"Masperaí! Eu devo no banco, na venda, no açougue e na loja de departamento mas, mesmo assim, tenho que declarar estar budega?"

Pois tem.

A grande questã, coleguinha, é que antes mesmo de você pensar, a Receita Federal já abocanhou o seu rico dinheiro. Ele é um dos descontinhos de seu salário, no caso de você ser CLT, então nem chega a sentir o cheiro da coisa. Como deve - espero, do fundo do coração - saber, a alíquota varia conforme o valor que você recebe.




Dá uma olhadin:


  • Até R$ 1.434,59: isento
  • De R$ 1.434,60 até R$ 2.150: 7,5%
  • De R$ 2.150,01 até R$ 2.866,70: 15%
  • De R$ 2.866,71 até R$ 3.582: 22,5%
  • Acima de R$ 3.582: 27,5%
As contas devem ser acertadas com a Receita entre os dias 1o. de março e 30 de abril. Aí que vem a coisa bonita: no momento da declaração é que você tem a oportunidade de reaver o dinheiro que o leão abocanhou injustamente, com toda certeza. Você comprova que gastou com saúde, educação, que tem dependentes e precisa daquele dindin de volta. Claro que ele não te devolve tudo o que você pagou - nem sonhe com isso, essa é uma das formas pelas quais o governo se enche de bufunfa - mas dá pra tirar unzinho.

Ou pagar, se, pelas contas, o Fisco decidir que você deveria ter "contribuído" mais do que o verificado.

Shiiiii!

Fique esperto: há dois modelos de declaração, a completa e a simplificada. A primeira delas é para quem quer deduzir todos os gastos incluídos na permissão. A segunda, é para quem vai deixar isso de lado. Falaremos mais delas nos próximos posts

Sua missão de hoje é: ficar calmo que eu explico comcalma mais para frente

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Questã de proporção

[Dia 14] Ai, que dificuldade! O assunto desta bela noite de alagamentos (#sampaéanovaveneza) é a questã de proporção. Sabe o textinho que resume o assunto deste estimado espaço virtual?

"Então você é como um daqueles tantos outros: fica de olho em uma calça linda (e cara) mas não compra por dó dos R$ 140 e, minutos depois, gasta esse mesmo valor com coisas bestas que jamais vai usar, tipo um par de brincos com pingente de xamã, um leque chinês e um porta-qualquer-coisa? Pois é: a soma (das parcelas) e a subtração (do salário) são as contas mais complexas que a matemática já nos apresentou."

É hora de quebrar esse círculo vicioso de semi-alfabetização em matemática, minha gente.


O grande problema de pessoas como eu e como você é o prazer que dá abrir a carteira e gastar. Gastar. Gastar. O problema é que gente como a gente não sabe fazer a coisa direito. Extamente como no textinho introdutório aí de cima, compra um monte de coisa inútil para satisfazer aquela necessidade reprimida de comprar uma coisa que realmente gosta.

Certa vez estava lá eu a fim de comprar um sapato. Fui à lojinha e me deparei com o alto custo de R$ 100. Veja bem, voltamos aos idos de 2003: eu era uma jovem bem da jovem, cuja única renda era, bem, nada. Naquela ocasião tinha sei lá, uns R$ 150 para comprar alguma coisa, mas achei que seria demais dar esse dinheiro em um ÚNICO par de sapatos. Que gênia!

A história teria um lindo final feliz e econômico se não fosse o seu arremate final. Sai da loja meio da frustrada e parei em frente a uma segunda lojinha, esta com uns artesanatos. Entrei e me deparei com um lindo incensário de R$ 10. Comprei, pois. Minha aquisição, na sequência, foi uma blusinha maomeno, de uns R$ 30. Depois, comprei uma bolsa ridícula veja bem, RIDÍCULA, por R$ 40.



Vamos somar?

R$ 80

Quase caí pra trás quando vi a merda que tinha feito. O incensário quebrou, a blusinha até que usei umas cinco vezes e a bolsa, jamé! Era zuada demais. E o sapato ficou lá, pra sempre na lojinha, abandonado e se sentindo preterido.

Mas o que você tem a ver com isso, não é mesmo? Poisintão: tudo e nada. Queria na verdade introduzir o assunto.

Quando você quer gastar um dinheiro com qualquer que seja a coisa, pode, e deve, fazer duas análises. A primeira delas é: quanto tempo eu levo para ganhar esse valor? Pense nas horas que você tem que aguentar o chefe chato ou precisa ficar apertando um botão para abrir a porta do escritório de granfino. Vale mesmo a pena desperdiçar todo seu esforço daquele tempo insalubre e incrivelmente tedioso para comprar um leque chinês? Ou aquela echarpe vale toda a hora extra que você fez na sexta-feira?

Agora, se isso não lhe convencer, pense como um consumista moderado: quanto esse valor representa em relação àquele objeto que você quer tanto? Como disse no outro post, meu sonho de consumo, no momento, é um carro. Mas você pode utilizar qualquer coisa como exemplo. Por que diabos eu vou gastar R$ 400 em uma bolsa e um sapato se isso corresponde a uma parte de um bem que eu quero tanto e não tenho dinheiro para comprar? Melhor guardar, não?

Fique esperto: uma boa desculpa que damos a nós meses na hora de gastar é Euprecisodemaisdissovoumorrersemele. Não precisamos de nada que não seja comida, abrigo, remédio e uma peça de roupa para tapar as vergonhas. Claro, tirando as necessidades básicas, como convênio médico e escola dos filhos, por exemplo. Remédio para emagrecer não entra na lista. Contraceptivo sim, por favor!!!

Sua missão de hoje é: definir qual o seu objeto de desejo e estabelecer uma meta para comprá-lo. À vista

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A louca do brog

[Dia 13] Depois que postei o primeiro texto na seção "Hora de investir" recebi uma enxurrada (algo bem propício com a nossa realidade atual de chuvas) de comentários por e-mail e comunicadores virtuais (por favor, utilizem o espaço para comentários aqui debaixo!) questionando a minha sanidade mental.

Comoassimsobrardinheiro?Vocêtálouca?Nãosobranadaminhafilha!

Realmente o negócio não é de um dia para o outro mesmo. Não é porque você achou esse lindo brog que, de um dia para o outro, seus problemas acabarão, como em um passe de mágica. Eu mesma relatei que demorei quase um ano para atingir um nível, digamos, ok de dinheiro.

Antes de eu me redimir da vida de gastadora compulsiva, lia diversos livrinhos bonitos e coloridos sobre orçamento doméstico, explicando como era importante fazer os juros trabalharem a meu favor e não contra mim, como era bacana poupar e juntar dinheiro para comprar as coisas à vista. Daí, então, era a minha vez de reclamar.

Comoassimguardardinheiroecompraràvista?Vocêachoaqueeuconsigovivercomumpardemeiasenaobebernemumgoledecerveja?


Fique esperto: o segredo é paciência. Isso, e nada mais. Segurar cada ímpeto consumista e fazer de tudo para se manter nos eixos. Daqui a um ano, dois talvez, você vai entender bem isso. Vai saber que sim, é possível ter uma sobrazinha no fim do mês e que, já que você não nasceu rico e nem casou com alguém abonado (pelo menos por enquanto), tem que viver no aperto. Pelo menos até subir na vida!

Sua missão de hoje é: parar de me chamar de louca e acreditar no que eu digo. Ou escrevo. Enfim.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Nem vem que não tem

[CuidadoComOGorpe] E não é que um dia estou eu, feliz e contente dentro de um ônibus (como boa blogueira de finanças, obviamente, estou juntando dindin para comprar meu carro à vista, sem cair na lenga-lenga do crédito eterno), quando me liga a gerente da minha conta-corrente. Pega o diálogo:

Gerente Com Voz Feliz: Olá, Adriele. Quem fala é X, gerente de sua conta no banco Y. Estou ligando porque vi que você tem quase R$ 6 mil de crédito pré-aprovado para seu cheque especial e você não usa. Não teria o interesse de aceitar o benefício?


Veja bem: cheque especial, nunca, em hipótese alguma, é um benefício. Nada que faça uso do prefixo "bem", ou suas flexões, custa 6% ao mês.


Cliente Com Voz De Má-Vontade: Não, obrigada!

Gerente Com Voz Forçadamente Feliz: Mas você conhece os benefícios desse produto?

De novo o benefício. Eita lasqueira!

Cliente Com Voz De Má-Vontade: Eu não uso o cheque especial. Sei como funciona a bola de neve!

Gerente Com Voz De Estou Preocupada Com Você: Mas sabe o que é, Adriele? É que esse limite pré-aprovado aparece a todo momento no visor do caixa eletrônico quando você for sacar dinheiro. Se um dia - espero que isso não aconteça - você sofrer um sequestro relâmpago, o assaltantate fará você cadastrar o benefício na hora para sacar o dinheiro. Se você cadastrar ao menos R$ 200, esse aviso some da tela e você corre menos riscos.

Cliente Com Voz de Saquei O Seu Jogo: Veja bem, eu sei como essas coisas funcionam. Vocês aumentam o limite gradativamente e eu não tenho interesse, realmente.

Gerente Com Voz De Confie Em Mim: O valor fica travado, eu garanto!

Cliente Com Voz de Cansei De Brincar: Já que é esse o problema, porque o Banco Y simplesmente não tira o aviso do caixa eletrônico? Fica muito mais fácil de proteger o cliente, não?

Gerente Com Voz de Pega Na Mentira: É algo que nossos técnicos já estão fazendo, mas que demanda tempo. O Banco Y preza muito pela segurança de seus clientes e fará isso com certeza!

Clique.

E eu sou otária, né?

Fique esperto: se alguma empresa, banco, loja ou aquele cunhado roleiro chegar para você oferecendo um serviço super genial, DESCONFIE. Ninguém vai lhe ligar para dizer como se dar bem na vida, a ideia, sempre, é que o lado que oferece obtenha lucro. Não seja zé mané!

Sua missão de hoje é: se cadastrar na lista do Procon que proíbe o contato de telemarketing  

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Onde comprar o material escolar com o menor preço

[DicaDaBooa] Que pesquisar antes de abrir a carteira é necessário todo mundo sabe, não é mesmo? Posintão: um levantamento feito pela Fundação Procon de São Paulo mostrou que a diferença de preço do mesmo produto, apenas mudando a loja, é de até 233%.

Você sabe o que é isso? Se um caderno custa R$ 5 reais em um lugar, sai por R$ 16 e qualquer coisa em outro. Bisurdo! Cada um cobra o que quer, né? Depende só de você não sair perdendo.

Do total dos itens comparados, o estabelecimento Japuíba (Região Norte) foi o que apresentou a maior quantidade de produtos com menor preço (44 produtos). Veja a relação completa do lugar com melhor preço:




O levantamento foi realizado entre os dias 5 e 6 de janeiro, em cinco regiões de Sampa. Ao todo, foram divulgadas informações referentes a 155 itens. Segundo a entidade, as duas maiores diferenças de preço encontradas foram:


1ª Diferença: 233,33%
Produto: Lápis Preto nº2 – unid. – Ecolápis 9000 Sextavado – Faber Castell
Maior preço: R$ 1,50 (“Momotaro” – Sul)
Menor preço: R$ 0,45 (“Magno´s – Norte)
Diferença valor absoluto: R$ 1,05


2ª Diferença: 114,29%
Produto: Lápis Preto nº2 – unid. – Redondo HB2 – Bic
Maior preço: R$ 0,60 (“Momotaro” – Sul)
Menor preço: R$ 0,28 (“Japuíba” – Norte)
Diferença valor absoluto: R$ 0,32

Veja todos os preços dos produtos clicando aqui

Fique esperto: antes de sair doido ou doida, visitando várias lojas para comprar, em cada uma delas, os itens de menor valor, avalie se o gasto com locomoção (ônibus ou combustível) compensarão o esforço. É tudo na ponta do lápis! E jamais leve uma criança junto para a gastança. Além de cansar a pobrezinha, sua conta pode vir muito maior por "amolecimento de coração"

Sua missão de hoje é: ver o quê da lista de material escolar 2010 pode ser reaproveitado do ano passado

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Primeira sobrinha do mês

[HoraDeInvestir] É uma coisa tão linda de Deus quando, depois de passar aquele perrengue, conseguimos enxergar uma folga de nem que seja R$ 50 no orçamento. Acabou o mês e o dindin está lá, lindo — sua recompensa pelas privações vividas nos últimos tempos.

Dá um comichão, uma vontade de torrar tudo em um presente para você, não é? Quem sabe, até comprar algo de R$ 100, parcelando em duas vezes no seu recém-readmitido cartão de crédito (se sobrou R$ 50 neste mês, sobrará o mesmo valor mês que vem, não é?).

Não, pessoa gênia. E dar adeus assim, sem mais nem menos, ao seu troféu é uma estupidez tremenda. Você deve guardá-lo, isso sim. Vai que no mês que vem você passa por um problema e precisa, justamente, de R$ 50 para comprar remédio, um tênis para seu filho ou metade de um pneu pro seu carro?

A pergunta que se segue é onde investir esse valor tão rizível. Se você chegar para seu gerente do banco, pedindo orientação, ele vai dar uma gargalhada. Montantes pequenos assim combinam sabe com o quê? Com a boa e velha poupança.

Tenho que assumir que AMO, de paixão, essa aplicação fácil e acessível. Não rende lá grande coisa, mas faz parte de um exercício para os próximos investimentos. Afinal, se você não entender nem a porpa, como conseguirá compreender esses tais de CDBs, ações e lá vai cacetada? Impossível, bem.

Aí vale uma informação. Uma pesquisa da consultoria Economatica mostrou que, em 2009, a rentabilidade nominal da aplicação mais segura do Brasil foi a menor da história, em 7,05%. ("então essa louca que escreve o blog quer me ferrar dando conselho torto?", vc pensa. e eu respondo: "carma lá!")


Por outro lado, o ganho real do poupador — que nada mais é do que o juro pago pelo banco, menos a inflação — foi superior à de 2008, quebrando uma sequência de dois anos de queda. Belezura!

Seguinte: a poupança rende, no mínimo, 0,5% ao mês. Isso dá 6,17% ao ano, sendo extremamente exata. Além disso, tem a incidência da taxa referencial (TR) do mês. A TR é um indicador de compreensão impossível oriunda da Selic (lembra do Copão de cerveja?). Vamos supor que renda 1% no ano. Em uma conta tortinha, temos 7,17% ao ano. Eba! Tirando uns 5% de inflação, chamada de Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), sobram 2,17% de ganho real

Suposições à parte, dá uma olhadin nos dados da Economatica para você entender o cenário:



Fique esperto: o legal da poupança é que ela é isenta de imposto de renda, então você pode movimentar os valores sempre que quiser (mas eu indico que isso ocorra apenas quando for necessário). Isso, sem qualquer cobrança adicional. Os bancos também não cobram tarifa de manutenção, então o ganho é limpinho. Lindeza, né?

Sua missão de hoje é: abrir sua poupança, vinculada à conta-corrente para facilitar as transferências

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A Festa da Carne e as vacas magras

[ParaSairDaRotina] Poxa, e não é que esse tal de Carnaval já está chegando? Sensacional, não é, minha gente? Bora planejar para onde ir!



Veja bem, não é assim que as coisas funcionam. O Grito de Carnaval será na sexta-feira, dia 12 de fevereiro. Hoje já é dia 18 de janeiro - e fica fácil de perceber que há menos de 30 dias para planejar tudo, não é? Planejar nem é o problema. A grande questã é o preço: quanto mais próximo da data, mais caros ficam os pacotes. Lascou.

A não ser que você vá para suas posses de veraneio ou à de algum amigo abnegado, a viagem sairá muito mais salgada - e, por consequência, um mal negócio, tomando como base o custo-benefício. Tá bom: essa relação mercantil, no caso da festa da carne, é diferente. É uma coisa louca, livre e sensacional. Só que enquanto você estiver com as contas apertadas, você não tem direito a se dar um luxo caro desse tipo. A não ser que queira amargar suas dívidas até a próxima celebração da tentação coletiva. Ce'quesabe.

Fiz uma pesquisinha rápida nas internet (que gênia!) em uma grande operadora, que teve participação comprada por outra grande empresa, recentemente. Vamos chamá-la de DWD. Um pacote de quatro dias e três noites em Florianópolis fica a partir de R$ 1,2 mil. Se você fechar um pacote para o mesmo lugar em uma outra data, o preço inicial é de R$ 770, maomeno. Uma economia de pouco menos de R$ 500. Sem falar nos disparates etílicos que o acometeriam nesse momento de louvor carnal e levariam seu limite do cheque especial (bêbados ficam ricos, lembre-se disso).

Coisa linda! Quanto dinheiro virtualmente economizado!

Por isso, queridão e queridona, planejar viagem é coisa de, pelo menos, dois meses de antecedência.

Fique esperto: a pesquisa e a pechincha são a alma do bom negócio. Avalie com várias agências, tente resgatar milhas para passagem aérea e por aí vai. Faça um esforço para pagar à vista (esforço = poupança) e chore um descontinho


Sua missão de hoje é: começar a planejar sua viagem de Páscoa e se conformar com um Carnaval não tão aproveitável


(pelas cores fica fácil de saber que eu peguei a foto do site da estimada escola de samba Magueira)



quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Sujou!

[Dia 13] Um dos efeitos colaterais da gastança desenfreada e inconsequente é o malfadado nome sujo na praça. Sempre me perguntei, quando criança, onde diabos era essa praça e porque as pessoas se importavam tanto com ela. "Se o problema é lá, simplesmente não dê mais as caras onde o negócio está ruim. Ou então lave o nome!".


(coloque seu nome aqui)

Tenho de admitir que o meu nome já foi para as imediações deste lugar. E foi de um jeito bem idiota: emprestando um cartão meu para uma pessoa. Sabe cartões de loja? No suge da adolescência são os únicos lugares que lhe dão crédito pelo simples fato de você respirar. Pois bem. Emprestei o ditocujo e, a fatura a pagar - impressa no momento da compra - ficou com nas mãos da pessoa.

O tempo passou, estava tudo lindo, quando um dia a mocinha do telemarketing me liga, toda educada, perguntando quando ia pagar a parcela. Assustei, obviamente, e contatei o meu credor sublocado ilegalmente. Após juras de que a conta seria colocada em dia e que havia enfrentado um problema, fiquei mais tranquila.

Acredito que um mês depois, chegou a cartinha na minha casa. Aquela cartinha que os carteiros, porteiros, vizinhos, todos, reconhecem quando veem. Vexame!

O fato é que não tem muito o que fazer, isso acontece por sua responsabilidade ou compartilhada com terceiros (no fundo é sempre sua responsa e acabou). É importante dizer uma coisa: antes de seu nome ser inserido nas listas de maus pagadores do SCP e da Serasa, você deve ser avisado pelo credor. Não existe sujeira-surpresa. É seu direito ter conhecimento disso. Se você não foi, tem todo o direito de contatar um órgão de defesa do consumidor.

Uma vez que esteja nessa situação, é momento de negociar para conseguir resolver a situação e reaver a higiene de seu nome. Afinal, todos sabemos as consequências maléficas disso, não é? Parece que todas as administradoras de cartão de crédito, varejistas e, até mesmo, seu emprego, frequentam aquela bendita praça que tem uma plaquinha com o seu nome, escrito em etras garrafais, todo elameado.

O ruim é que, normalmente, financeiras compram essa dívida podre de seu credor (a loja na que lhe deu o cartão de crédito, por exemplo) por um preço mais baixo e cobram juros absurdos de você. É momento de mais barganha e, até mesmo, procurar o Procon, caso as taxas sejam abusivas.

Fique esperto: não é porque uma dívida vence em cinco anos e seu nome é automaticamente lavado que é bonito dever. Se você fez uma dívida, honre-a - mesmo que seja necessário muito tempo para conseguir arcar com ela. Esse é o primeiro passo do consumo consciente: ter noção das consequências de seu descontrole. O lado bom é que, enquanto seu nome está sujo, ninguém lhe dá crédito e você não contrai mais dividas.

Sua missão de hoje é: enfrentar esse problema. Todos sabem qual o assunto daquela cartinha porque já a receberam um dia

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Cartão de crédito: é possível ganhar dinheiro com ele



[Dia 12] Cacilds! Estamos no dia 8 de janeiro, mas a angústia de sobreviver com apenas R$ 15 no mês dá uma impressão de que, na verdade, estamos no dia 38 (?). E é preciso, realmente, desacelerar, já que o adiantamento do dia 20 ainda demora a chegar.

Lembra que em um post passado eu falei sobre o assassinato sumário de seu cartão de crédito? No mesmo texto, afirmei que ele era um tremendo aliado para o orçamento doméstico - mas apenas se você fosse controladinho ou controladinha - e que, no futuro, dedicaria um post somente a ele e a seus benefícios. E eis que estou aqui, no papel de advogada do diabo.

O negócio é o seguinte: aquele pedacinho de plástico magnífico tem a capacidade de dar fôlego às suas finanças. Você compra agora e paga só daqui a 30 dias, pelo mesmo valor que pagaria à vista. Suponhamos, portanto, que você faça uma compra de R$ 200 com o dito cujo, mesmo tendo a grana para pagar à vista. Adiando o desembolso em 30 dias, você deixa a graninha na porpança, feliz e contente.

Chegado o dia de pagar a fatura, você retirará o valor guardado (por isso que é preciso ser controlado) da aplicação, e verá uma surpresa: em vez de ter R$ 200, você terá R$ 201,20 (levando em consideração uma remuneração mensal de 0,6%). Deu para entender? Você compra e, pasme, ganha dinheiro com a prorrogação do pagamento. Simples!

Se você não tem o dinheiro agora mas o terá no dia do pagamento do salário, melhor ainda! Não paga juros do cheque especial e nem passa apuro.

Além disso, tem uma coisa bacaníssima que os bancos fazem quando oferecem um cartão: o programa de pontos. À medida que você vai comprando e pagando sua fatura em dia, o valor gasto é revertido em créditos, os quais podem ser trocados por diversos tipos de produtos e serviços. Então você, um consumista regenerado e pão-duro convertido, pode utilizar esses pontos para comprar itens em situações em que, por exemplo, é obrigado a presentear alguém (casamento, aniversários e afins). Mas fica a dica: como é, digamos, de grátis, normalmente a entrega do produto demora uns 30 dias, por isso é necessário se programar e fazer o pedido com antecedência.

Claro que nada disso adianta muito se você pagar uma anuidade astronômica à sua operadora. Por isso, no momento da contratação, exija que nada seja cobrado. Ou, se você já tiver um plástico e pagar, nem que seja, R$ 6 por mês, ligue para o banco e peça a isenção. Caso o atendente se negue a dar, diga que irá cancelar seu cartão. Comigo essa jogada kamikazi sempre funcionou ;)

E, claro, NUNCA atrase o pagamento e JAMAIS lance mão do pagamento do mínimo. Os juros, nestes casos, superam os 10% AO MÊS e você se lasca!

Fique esperto: no momento de retornar ao universo amigo, porém, perigoso do cartão de crédito, tome cuidad com o limite que irá contratar. Comece com valores pequenos, para que você possa se reeducar aos poucos a usá-lo. E, por enquanto, não faça compras parceladas. Elas também são legais, mas em termos

Sua missão de hoje é:  negociar a anuidade de seu cartão de crédito

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Endividado ou inadimplente?

[ParaSairDaRotina] Pesquisa divulgada nesta quinta-feira, dia 7 de janeiro, pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) mostrou uma novidade, algo que ninguém esperava: por conta das festas de fim de ano, o total de famílias endividadas no município de São Paulo saiu de 46% do total em novembro para 48% em dezembro. 

Isso não é nada assombroso, obviamente, porque neste período as pessoas têm o costume de colocar o pé na jaca mesmo. E não é necessária nenhuma pesquisa para você saber disse, némemo? Mas é um dado interessante, de qualquer forma.

Continuemos com os números. Já o total de famílias inadimplentes apresentou forte elevação no último mês do ano, passando de 14% para 20% em dezembro. Com isso, 18% dos entrevistados gastaram mais do que ganharam.

Veja bem, existe uma diferença entre endividado e inadimplente. Endividado é aquele que tem um determinado número de parcelas a pagar. Inadimplente é o cara que tem a dita dívida e não conseguiu honra-la.
Segue trecho do material de divulgação:


De acordo com a pesquisa, 29% das famílias passam em média três meses com a renda comprometida com o pagamento de dívidas. 30% têm a renda familiar comprometida com contas superior a um ano. Por outro lado, das famílias com contas em atraso (inadimplentes), 32% possuem contas em atraso por período superior a 90 dias e 24%, entre 30 e 60 dias. O tempo médio de atraso de dezembro é de 62 dias.


E você? Exagerou na coisa neste fim de ano?

Fique esperto: por mais que seja legal parcelar uma coisa ou outra, porque assim é possível adequar o valor a ser pago ao quanto você recebe, a atividade é um perigo se não for feita de forma controlada (o que acontece na maioria das vezes, não é?) Por isso, opte por um número menor de parcelas, para que elas não sejam esquecidas ao longo dos meses

Sua missão de hoje é: estabelecer um período no qual não contrairá nenhuma dívida

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Mês de 60 dias

[Dia 11] Preciso confessar que este post que vos escrevo demorou um tempinho para ser confeccionado. Difícil falar sobre finanças pessoais sem citar a necessidade de fazer uma lista receita/despesa e não gastar dinheiro à toa, além, obviamente, de ter calma e lembrar que isso é só uma fase. Isso você já leu, não é mesmo?

Agora é o momento de viver no sufoco. Se você foi um bom leitor, abriu mão do limite do banco, do cartão de crédito e está fazendo de tudo para não sucumbir - mas é difícil ver aquela conta bancária triste, com dois reais apenas.

Quando passei por isso, tomei uma medida extrema: caiu o meu salário (o que acontecia uma vez por mês apenas, retirando aquela sensação enganadora de bonança bimensal), paguei todas as contas. Adiantado, obviamente. Sabe por quê? Porque se a grana ficasse na conta, eu, uma consumista inveterada, não aguentaria enquanto não a gastasse. Tudo pago? Ótemo. Sobraram R$ 15? Saque o dinheiro e deixe cinco reais na carteira e o restante em casa, para caso de extrema necessidade. Sim, queridão e queridona, este é todo o seu dinheiro do mês.

Quer comprar um drops? Compra, o azar é só seu! Vai ficar sem nada até o fim do mês, nem a segurança ilusória do cheque especial o ajudará. Assim você pensará mais de uma vez antes de tirar o dinheiro do bolso.

Dá meda, mas funciona!

Fique esperto: Este tipo de situação extremista requer preparação. Para que você possa seguir à risca isso, precisa fazer uma compra decente no supermercado para passar o mês, por exemplo. Quando digo decente, não quero dizer farta, mas avaliada milimetricamente para que não falte algum produto de consumo básico durante o longo e interminável período de 30 dias. É preciso também ter a quem recorrer em caso de emergência, como, por exemplo, quando houver necessidade de comprar remédios

Sua missão de hoje é: preparar-se para um mês psicologicamente mais comprido do que um regular

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Crédito de início de ano: vale a pena?

[ParaSairDaRotina] Eu sei, eu sei. Estou exagerando um pouco nas postagens: três por dia é coisa demais. Mas eu fiquei um tempinho fora do ar, sinto a consciência pesar e achei por bem passar as informações que considero mais importantes neste começo de ano. E algo inerente aos meses de janeiro, fevereiro e março - além do calor de fritar o coco e a chuva torrencial - são as continhas de início de ano: IPVA, IPTU, matrícula e material escolares... tudo muito imprevisível, não é?

Como se não bastasse a pobreza que nos acomete no período pós-festas, temos mais essa para nos lascar. Quem mandou não representar o seleto 1% de pessoas que guardou o décimo terceiro, hein? (Saiba mais em Abono, Abono meu).

Neste período, pipocam bancos oferecendo um crédito especial para os festeiros que não ficaram com nenhum dindin no bolso, específico para essas continhas de início de ano. É aí que mora o perigo.



Vi umas opções no mercado e selecionei um exemplo. Vamos chamar a instituição de Banco X.

Neste produto especifico, o cliente pode escolher a data de vencimento da primeira parcela para até 59 dias após a contratação da operação. O juro mensal varia de 3% a 3,99%, sendo que as linhas atingem até 40 meses - desde que a prestação não seja inferior a R$ 40. Não vamos entrar nos pormenores, deixemos apenas essas informações e avaliar três situações:


  1.  Você não tem o dinheiro à vista e quer pagar as coisas tudo de uma vez para conseguir um descontinho, mas consegue arcar com as parcelas no prazo. Por que não pegar o crédito e ser feliz, aproveitando o abono oferecido? Aí que você corre o risco de se estrepar: desconto não é sinônimo de economia se o crédito que você tomar for maior que esse benefício. Aprenda a fazer o cálculo aproximado no post Sem desaforo.

  2.  Você não tem dinheiro nem à vista e nem a prazo. Se nem apertando daqui e de lá você vai conseguir pagar as parcelas, sendo necessário, inclusive, recorrer ao cheque especial para conseguir arcar com a conta de luz, vale a pena tomar o crédito. Claro. O cheque especial custa entre 6% e 12% ao mês (veja mais no post Come dinheiro), portanto, esse dinheiro do exemplo é mais barato, já que o juro vai até 3,99% ao mês. E já que você vai ter o dinheiro todo em mãos, pague tudo à vista, ganhando o descontinho básico e, consequentemente, reduzindo o custo financeiro total. Mas atenção: é preciso tomar um empréstimo que caiba no bolso e que não acabe sendo coberto pelo limite do banco, gerando um gasto ainda maior.

  3. Você prefere procurar outros tipos de crédito, do pessoal ao consignado. Lindo: veja qual tem a taxa menor e seja feliz.


Fique esperto: é sempre bom evitar tomar crédito, porque as taxas no nosso querido país são extremamente altas. Contudo, se não tiver realmente de onde sair a grana para arcar com o compromisso, é preciso fazer uso consciente das linhas disponíveis

Sua missão de hoje é: não sucumbir ao desejo de dormir enquanto o gerente do banco explica as diferentes modalidades de crédito e prestar a devida atenção que o assunto merece. E nunca consultar apenas as linhas de um banco. Aproveite as informações de um barganhando com o outro


(Sua dúvida não foi esclarecida? Não deixe barato: mande um e-mail para pondoordemnacasa@gmail.com e exija seus direitos de leitor não-pagante! Se estiver ao meu alcance, prometo lhe ajudar)

Liquidação nossa de cada início de ano

[Dica da booa] Passadas as festas, lojas físicas e virtuais fazem aquelas mega liquidações, com descontos que vão até 70%. A mão começa a coçar, não é mesmo?

E é aí que mora o perigo: veja, se você compra uma máquina fotográfica digital, por exemplo, por R$ 300, sendo que antes ela custava R$ 700, você não está economizando R$ 400, está gastando R$ 300. Essa sensação de "me dei bem" é puramente imaginação: nem vem, esse aparato é bacaninha, mas não é essencial na nossa vida, ainda mais na de um endividado. Eu, por exemplo, nem tenho. E imagino que o celular de última geração que você comprou em uma grande rede varejista em 17 vezes sem juros também tem uma camerazinha mais ou menos, para quebrar o galho.

Poisintão. Aproveito a deixa para publicar um texto que a Pro Teste, uma associação de defesa do consumidor bem da engajada, divulgou em seu site. Dá uma olhadinha nas dicas valiosas:


PROTESTE : como aproveitar as liquidações


É preciso cuidado com falsas promoções.Compras por impulso são vilãs que podem comprometer o orçamento familiar.


As promoções do varejo no mês de Janeiro já se tornaram tradição no Brasil. Consumidores enfrentam extensas filas  e se submetem a sacrifícios  para participar das liquidações de lojas de departamento, como enfrentar tumultos e carregar  pesados produtos em mãos  porque não é feita entrega da compra. A PROTESTE Associação de Consumidores recomenda cautela para que o esforço realmente compense.


Consumidores ávidos por preços vantajosos devem estar atentos e adquirir somente itens realmente necessários por preços justos, e que correspondam à oferta ou à publicidade. É preciso comparar os preços para avaliar se realmente vale a pena  a oferta da queima de estoque anunciada pelas empresas. Os anúncios  chegam a apontar produtos com desconto de até 70%, mas é preciso ver se o abatimento não é sobre preços inflados.


Para garimpar boas ofertas no mercado e tirar proveito das liquidações a Pro Teste orienta sobre os cuidados necessários:


¤ Faça pesquisa de preço para verificar se não se trata de "falsa liquidação", o que acontece com mais freqüência do que se pode imaginar. Na vitrine tudo induz a acreditar em produtos e preços ótimos, mas ao entrar na loja o consumidor verifica que não é bem assim.


¤ Não compre por impulso, só porque é barato, pois a mercadoria pode não ter utilidade para você. Compras por impulso são vilãs que podem comprometer o orçamento familiar.


¤ Não tenha pressa na compra para poder avaliar e escolher com cuidado os produtos. No caso de roupas prefira modelos mais clássicos e cores neutras.


¤ Veja se compensam as promoções do tipo "pegue dois, leve três", ou que dêem brindes, descontos em segunda compra, sorteio de prêmios, etc.


¤ Tenha cuidado redobrado com o estado das mercadorias, principalmente aquelas em exposição. Lembre-se que não poderá trocar, por isso, confira se não há defeitos que comprometam a utilização.
Pesquise os preços em vários estabelecimentos e defina, em casa, o que deve ser comprado. Um bom aliado disso são os anúncios em jornais, rádios ou tevês, que deverão ser guardados. O material publicitário poderá auxiliar numa eventual reclamação contra a empresa, caso não haja o cumprimento da oferta.


No caso de produtos com pequenos defeitos — roupas com manchas, descosturadas ou eletrodomésticos com partes amassadas, ou ainda, móveis de mostruário —,você deve exigir que a loja coloque na nota fiscal, os problemas apresentados, detalhando-os.  Os prazos para reclamar desses defeitos são de 30 dias para produtos não duráveis e 90 dias para produtos duráveis.


Fique esperto: economia é gastar menos dinheiro em algo que se precisa. E ponto.


Sua missão de hoje é: pensar antes de gastar

Bão e de graça

[RespondoMesmo] Mais uma do Leitor Anônimo (há!), desta vez, sobre palestras de orçamento doméstico do Procon de São Paulo:

"Os úncos horários são esses? não tem palestras aos sábados? Gostaria de sempre participar de algum evento!"

Olha, eu dei uma sapeada no site do Procon-SP e não achei nenhuma informação sobre a realização de palestras apenas durante a semana. De qualquer forma, as que eu tomo conhecimento, normalmente, são de segunda a sexta.

Você pode se manter informado aquió.

A próxima sobre finanças pessoais vai ser em uma quinta-feira, no dia 27 de janeiro. Aproveita este dia para doar sangue e conseguir aquele atestado de dispensa do trabalho (cheia dos conselhos tortos).

Fique esperto: o Procon não é o único lugar que concede cursos gratuitos de finanças pessoais. Em uma simples pesquisa no Google é possível achar um montão deles, alguns até virtuais - o que, digamos, facilita a logística.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

De volta à realidade

[Dia 10] Genteeees, que abondono louco esse do fim do ano! Entreguei-me às compras desenfreadas, à comida farta e à bebida, digamos, batizada, e deixei de lado essas coisas jovens e interativas da internet. Erro meu!

Assumida essa falha, é hora de, efetivamente, por ordem na casa. Agora não tem mais a desculpa de fim de ano, papai noel, peru da cesta da firrrrma e outras esfarrapadices/sses costumeiras à época do ano. Muito pelo contrário: agora que toda aquela riqueza repentina que lhe acometeu este fim de ano vai, digamos, configurar-se na realidade da pindura, encontramos o melhor momento de sair correndo com os braços para cima na rua - esperando uma resolução vir do cosmos - ou arregacar as mangas, guardar a carteira e executar o planejado.


Olha, um dos retornos que meus queridos leitores mais próximos (pessoas amigas obrigadas a ler este blog sob risco de morte)  me passam é o seguinte: tenho meda de fazer a tal da lista cheia de cifras, números e, depois, rabisca-la. Isso porque neste triste momento de confronto com o seu eu consumista, você percebe que assim não dá. E que ou você para de comer presunto e arrotar caviar ou daqui a pouco não tem nem para a mortadela semi-defumada.

Cá entre nós: eu passei por isso. Voltemos aos idos de 2000 e alguma coisa, quando eu, uma jovem estagiária, vivia atolada no cheque especial e em dívidas com cartões genéricos de lojas.  Olha que jumentinha: atrasava a vida o pagamento das faturas do cartão de loja (juro de cerca de 5% ao mês, se não me engano). Quando a mocinha do telemarketing ameaçava minha integridade moral com cartinhas do SPC, pagava a tal conta - cara por causa dos juros - com o limite do cheque especial (soca mais uns 8% de juros). Esse rebola-bola, de um lado pro outro, ao mesmo tempo que escrevia em meu pseudo-emprego sobre orçamento doméstico. Que bonitinha!

Um dia cansei e fui fazer a tal lista. Claro que não coloquei a parcela do cartão de loja (o que são R$ 40?), os cosméticos de todo o mês (R$ 20 não é nada!), os gastos com comidinhas (R$ 50/mês) e aquela revista bacana (R$ 15). Mixaria! Nisso iam R$ 125. A velha soma.... odeio! Nem preciso dizer quanto isso representa do ordenado de uma pobre estagiária, né?

E também não preciso dizer que a listinha não me serviu de nada. Alguns meses depois, em uma pindaiba maior, tive de refazer a coisa toda, inserindo as tais miudezas. E foi aí que tudo se lascou: gastava uns 30% a mais do que ganhava. Por isso que o banco me amava: enchia ele de grana todos os meses.

Foi aí que veio o rito de passagem. Sabe aquele posto no qual falei sobre organização das parcelas (ler "Curto ou longo")? Poisintão, fiz o tal fluxo de caixa mensal e vi que, dali uns cinco meses, conseguiria fazer o salário sobrar um bocadinho. Calculei então qual seria o meu déficit mensal nesse período, que seria emprestado do cheque especial. Ok tb. Tudo calculado, cheguei ao resultado: em noves meses, teria a solvência. Me livraria do negativo no banco e teria um sono relativamente tranquilo (apesar de ficar inadimplente com a faculdade - mas conto isso depois). Mas não poderia comprar nem uma agulha nesse meio tempo.

Agora você se pergunta: se ela está escrevendo o blog e hoje empresta dinheiro ao banco ao invés de tomar, deu certo! Veja bem: você sabe das agonias humanas e que os resultado nem sempre é como o planejado. Me perdi um pouco, demorei mais que nove meses, mas saí do enrosco.

Então, aceite o seu rito de passagem e pule do muro. Dá medo na hora, é difícil viver sem gastar R$ 1 - mas a recompensa é fantástica. Portanto, caneta e papel nas mãos!

Fique esperto: deslizes todos cometem, mas quando ele se torna recorrente, deixa de ser uma escapadela e volta a ser um vício. CUIDADO

Sua misão de hoje é: aceitar, de vez, sua nova realidade. É passageiro