Aqui é o seu lugar

Então você é como um daqueles tantos outros: fica de olho em uma calça linda (e cara) mas não compra por dó dos 140 reais e, minutos depois, gasta esse mesmo valor com coisas bestas que jamais vai usar, tipo um par de brincos com pingente de xamã, um leque chinês e um porta-qualquer-coisa? Pois é: a soma (das parcelas) e a subtração (do salário) são as contas mais complexas que a matemática já nos apresentou.

Aprochegue-se, sente-se e tome um café! Aqui é o seu lugar e é com você mesmo que eu quero falar. A ideia é: gastar bem e sempre, de forma moderada e inteligente. Juntos, a gente consegue.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Dívida surpresa

[RespondoMesmo]

Do leitor Anônimo (impressionante como todos têm o mesmo nome!)

"Fui quitar uma dívida alta no banco. O senhor funcionário do banco me passou o valor. Beleza, quitei. Quando voltei ao banco para saber se estava tudo certo, o meu gerente falou que faltava R$ 1,1 mil . Tem algo q eu possa fazer?"


Conversando um pouco melhor com o Caro Leitor Anônimo via e-mail (mande você também sua pergunta para pondoordemnacasa@gmail.com - garanto sua identidade! hehe), fiquei sabendo do seguinte: ele primeiramente foi ao banco para quitar esta dívida de seu pai, que tinha uma conta juridica. Ao que tudo indica, ele usava uma espécie de crédito especial para empresas, aquele limite pré-aprovado que o banco libera na conta. E se deu um pouco mal.

Conforme os relatos, o mocinho sem nome pegou um empréstimo de R$ 3 mil para quitar uma dívida de R$ 2 mil, mais ou menos, e ficar com essa graninha a mais para alguma outra coisa. Só que, depois de uns dias, achando que tinha quitado a coisa, foi ao banco e verificou que, na verdade, faltava R$ 1,1 mil para garantir a noite de sono tranquila.

O que fazer?

1. Em primeiro lugar, é preciso verificar se o senhor funcionário do banco deixou com você algum documento que comprove o valor de R$ 2 mil que tinha sido negociado ou quitado. Isso é bem importante e pode ser usado como prova

2. Depois, é interessante que você peça uma justificativa ao banco, por escrito, do acréscimo de R$ 1,1 mil no acordo de quitação da dívida. O bacana de ser escrito é que o ocorrido torna-se algo, digamos, mais oficial

3. Com esses dados em mãos, procure seu gerente e converse com ele. Explique a situação. Caso ele se mantenha irredutível, procure o Procon de sua cidade. Bancos num gostam de encrenca com órgãos de defesa do consumidor. E lá um técnico vai poder te orientar sobre um possível acordo ou sobre a necessidade de dar entrada em um processo no Juizado Especial Cível (o antigo Pequenas Causas).

Boa sorte!

Fique esperto: sempre que passar por uma situação parecida, faça o possível para juntar provas fisicas. Quando negociar um valor no banco, peça para o funcionário escrever para você os detalhes do acordo. Anote o nome dele no papel. O consumidor tem direito de receber o que foi acordado. E jamais, jamais, saia da sala com alguma dúvida: pergunte quantas vezes for necessário

Sua missão de hoje é: dar atenção especial a conversas com funcionários em bancos

Porque é necessário se locomover

[EmprestadoNãoÉRoubado] Pessoa querida do meu coração,

Minha estimada amiga e companheira de aventuras, além de incursora contemporânea nessa coisa loca que chamamos de blogsfera, enfim, Giovanna Rodrigues (http://diariodosdesempregados.blogspot.com/), publicou um post muito legal/utilidade pública para ajudar pessoas na pindaíba. Neste caso em específico, pindaíba resultante de falta de emprego. Daquelas que não sobra nem para o ônibus, saca?


Pois bem. Eu, bem da espertinha, decidi aproveitar esse material da moçoila. Mas já aviso os leitores do Pondo Ordem na Casa que não vale fraudar a SP Trans, ok? Falido sim. Larápio, jamais.

Aqui vai



"Pro transporte não pesar no bolso

Genteeeeem, abuso o ônibus em São Paulo ir pra R$ 2,70 a partir de janeiro, hein? Como é que fica o bolso do desempregado que precisa ir a entrevistas, dinâmicas de grupo e afins? Não dá...

Eu, como atraio entrevistas e processos seletivos looongos, com várias etapas (claro que eu não seria contratada de cara, né? pra que simplificar se nós podemos complicar?), gastava um bocado indo de um lugar para o outro, mesmo com integrações etc.

Mas não é que eu descobri que desempregado tem direito a andar de metrô e de trem de graça? :O

É sim povo, pelo menos em São Paulo temos esse benefício, ixpia só:


(Do site do Metrô)


De acordo com o Decreto Estadual nº 32.144 de 14/08/90 e com a Resolução da Secretaria dos Transportes Metropolitanos nº 25 de 28/03/2003, tem direito o trabalhador demitido sem justa causa, há no mínimo um mês e no máximo seis meses, desde que tenha trabalhado pelo menos seis meses contínuos no último emprego. O desempregado deverá se cadastrar na estação Marechal Deodoro (loja 1) de 2ª a 6ª feira, das 8h30min às 16h00min, exceto feriados e pontes de feriados, apresentando os seguintes documentos:

Cédula de Identidade (original);
Carteira Profissional (original) e,
Termo de Rescisão Contratual (original).

Ao ser cadastrado, o usuário receberá um único bilhete, válido por 90 dias, não renovável. O usuário deste bilhete deverá portar sempre sua carteira profissional. O benefício está restrito à condição de desempregado, ou seja, a partir de um novo registro em carteira. Desde 11/09/2006, no caso de obtenção de novo emprego, o bilhete com validade passou a ser devolvido também nas estações do Metrô, mediante protocolo.


Caso o usuário, já esteja cadastrado no sistema, deverá apresentar a mesma Carteira Profissional com a qual obteve o benefício anterior.

Mais informações pelo telefone: 3179-2000 ramal 36433 ou pelos telefones 3291-3934 e 3291-3935.

ATENÇÃO: Não haverá reposição ou renovação do bilhete em caso de perda, extravio, roubo, apreensão por falta de porte de carteira profissional, danificação por mau uso ou uso indevido.

Os usuários dos bilhetes especiais devem utilizar somente os bloqueios com a sinalização amarela e portar sempre o documento, exigido legalmente para identificação, pois estão sujeitos à fiscalização pelos empregados das estações.

O Bilhete Especial é de uso pessoal, não o empreste para ninguém. O uso indevido poderá acarretar a apreensão e/ou suspensão do benefício.

(Do site da CPTM)


Credencial para Trabalhadores Desempregados


A Credencial para o Trabalhador Desempregado, tem validade por 90 dias e, é fornecida apenas em caso de demissão sem justa causa, para quem está desempregado por um período mínimo de 1 mês e máximo de 6 meses, e que tenha trabalhado pelo menos 6 meses no último emprego, com registro em carteira.

O credenciamento deve ser feito na Estação Barra Funda, de segunda à sexta-feira (exceto feriados), das 08 às 15hs ou até 400 senhas/dia.

Outras informações pelo telefone 0800 055 0121 - ligação gratuita - de segunda à sexta das 05h às 22h e aos sábados das 06h às 18h (exceto feriados).

Documentação Necessária:

Cédula de Identidade (RG) original;
CPF original;
Carteira de Trabalho com a baixa do último emprego;
Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho, que comprove a demissão sem justa causa e entrada no FGTS, com carimbo da CEF."


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Consigo e nado

[RespondoMesmo] Recebi a seguinte solicitação de uma leitora: o que é preciso saber sobre crédito consignado?
Ok, vamos lá.

Antes de enveredarmos por este caminho, é necessário saber que o custo do crédito está intimamente ligado ao índice de inadimplência (o jeitinho bonito de falar calote) de determinada instituição financeira. Da mesma forma que uma seguradora X cobrará 80% a mais por fazer a apólice do carro de um jovem de 18 anos com hábitos etílicos e que deixe a caranga na rua, cobrará mais de seus clientes se seu índice de não-pagamento for maior. Sacou?


É a questão do risco x oportunidade: quanto maior a probabiliade de haver calote, maior será o custo. Assim, quando o banco tiver uma baixa - ou seja, não conseguir recuperar o dinheiro emprestado - o cliente bonzinho, que paga sua conta todo mês, verá o juro aumentar. Ons bons pagam pelos zuados. Triste, né? Mas alguém tem que pagar...

Pois bem.

O crédito consignado é uma maravilha que inventaram para pessoas super dispostas a tomar um empréstimo com o banco e pagar menos juro pelo valor. A grande sacada do negócio é que a parcela do referido crédito é descontada diretamente do salário, ou seja, o querido endividado nem chega a ver a cor do dindin. E pelo fato de o pagamento ao banco ser automático, sem qualquer risco do tomador decidir/não poder pagar o valor, o risco é menor. Por que o banco vai embutir o custo maior em um risco menor? Digo menor porque o credor pode morrer no meio do caminho ou ser demitido.

Muitas empresas têm programas específicos. Algumas fazem parcerias com bancos, normalmente o banco responsável pelo pagamento do salário, e o custo do juro pode cair à metade. Já vi casos em que 5% mensais caem para 2%, 2,5% - também mensais - dependendo do valor a ser tomado e do prazo definido. Informe-se na sua!

Já o INSS tem um programa especial para os aposentados, com teto de juro pré-estabelecido

Fique esperto: Não é porque o juro é menor que é bem legal tomar crédito consignado.  Todo e qualquer empréstimo e/ou financiamento só deve ser contratado em caso de extrema necessidade, para pagar uma dívida de custo maior. Veja: 2% ao mês é menor que 5%, mas ainda é caro. Sempre que você quiser fazer um comparativo, lembre-se que a poupança rende parco 0,6% ao mês.

Sua missão de hoje é: tomar crédito de forma consciente.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Sem desaforo

[Dia 9] Gentes, assumo: fazer planejamento orçamentário em pleno fim de ano é dose. Mas, porém, contudo, entretanto e todavia, é o período que cai o dinheiro extra do décimo terceiro salário. Então ele dá aquele gás na sua conta-corrente, pobrezinha, toda pintada de vremeio.

Pois bem. Foi exatamente por isso que publiquei aquela informação da Anefac sobre o abono. O fato é que dinheiro na mão é vendaval e, depois de meses amargos, quando cai aquela graninha extra a única coisa que nos move é a pretensão de gastá-la. O quanto antes. O mais rápido possível.

Acho que a raça humana detesta o dinheiro. Por isso que quer afastá-lo de si o quanto antes. Estranho, não? Amor e ódio.

O prudente, obviamente, seria juntar aquele dinheiro que, na verdade, não existe em seu orçamento. Se você viver mensalmente com um valor e, de repente, vem o dobro dele em um mês, é uma espécie de prêmio da loteria. Principalmente porque no começo do ano vencem todas aquelas contas bacanas e baratinhas, como IPVA, IPTU, matrícula escolar, e por aí vai.

Em Sampa, por exemplo, o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) costuma ficar 3% mais barato se pago à vista. Em três vezes, o valor é fechado.

Vamos pensar assim:  você guarda a grana do décimo terceiro e paga o IPVA, com o valor hipotético de R$ 1,5 mil, à vista. O preço real será de R$ 1.455, com um descontinho de R$ 45.

Mixaria né? Claro que não!

Se tem uma coisa que endividado precisa saber é que dinheiro não aceita desaforo. Se você despreza-lo hoje, amanhã não terá os R$ 2,30 do ônibus.

Agora, vamos supor que você pague o valor em três vezes sem juros, por exemplo, e deixe o seu dinheirinho lindo do décimo terceiro rendendo na poupança (#aprendicomoblog). Assim é certo, não? Errado!


Suponhamos que a poupança renda nos três primeiros meses do ano 0,6% ao mês. O seu ganho será de R$ 28,98 só, para R$ 1.528,98. No fim, perderá R$ 16,02.

Ah, mas é pouco!

Lembre-se de novo, pessoa sem memória: dinheiro não aceita desaforo. E se para você não faz falta, fique à vontade para depositar na minha conta =D

Fique esperto: o exemplo foi relativo ao IPVA, mas vale para toda e qualquer conta. Não é o mais correto de se fazer, mas, para simplificar e apenas ter uma ideia, pense da seguinte forma: tenho um desconto de 5% se pagar à vista. Se parcelar em quatro vezes, o valor é fechado. Quatro meses de poupança rendendo equivalem a 0,6% + 0,6% + 0,6% + 0,6% = 2,4%. Compensa pagar como?

Fique espero 2: economistas e matemáticos, não me odeiem! Eu sei que não é possível somar juros assim, que para fazer uma conta completamente exata é preciso transforma-los em fator e trala. Mas como em prazos pequenos a diferença não é muito grande e nosso amigo leitor não precisa ser um matemático financeiro para pensar uma compra de forma inteligente, resolvi não complicar a vida dele. Apenas para você não me chamar de Jornalista que Induz os Outros ao Erro, a remuneração da poupança de 0,6% em quatro meses representa maomenos 2,42% =P

Sua missão de hoje é: pensar sobre COMO gastar

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Ajuda de quem sabe

[DicaDaBooa] A regra deste blog é não gastar dinheiro. Maaas, uma coisa é puro dispêndio, outra é investimento. Portanto, se você tiver uma graninha sobrando no fim do mês e quiser investir em conhecimento específico de finanças pessoais, procure um livro que se adeque à sua necessidade.

Claro que informação de graça e de qualidade está na internet - neste humilde brog que você lê, especificamente. Mas um material impresso para você ler no ônibus e se distrair não é nada mau.

Confira sugestões aqui

Fique esperto: isso não é aval para sair comprando que nem louco não, viu? É investimento em conhecimento. Por isso, pesquise preços e limite-se a comprar o que for realmente necessário

Sua missão de hoje é: avaliar a necessidade de seguir a recomendação deste post

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Abono, abono meu

[ParaSairDaRotina] Ei, você. Você mesmo, lendo este blog. O que você vai fazer com o seu décimo terceiro?

Segundo uma pesquisa (não muito recente, tenho que confessar) feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a predisposição dos trabalhadores para poupar é de apenas 1%. A maioria, espeficiamente 64%, pretende pagar dívidas -  um resultado quatro pontos porcentuais acima do ano passado (60%).

Pagar as dívidas é bom, melhor do que sair gastando adoidado, eu diria. Mas não podemos nos esquecer das contas de início de ano. Em um próximo post, falaremos com mais detalhes sobre isso.

Então, comente este post: como você pretende utilizar seu abono de fim de ano?

Sua missão de hoje é: não gastar todo o seu décimo terceiro com compras de fim de ano

(crédito da imagem: http://www.sxc.hu/)

domingo, 13 de dezembro de 2009

Fim do mês com adrenalina

[Dia 8] Essa parte é crucial para o bom resultado do controle orçamentário: o período pós-ajuste de contas com os credores. Você se sente poderoso, poderosa, com tudo aparentemente nos conformes e muito orgulhoso, ou orgulhosa, de si mesmo: saldo do cheque especial e do cartão de crédito sob controle após a tomada de um empréstimo pessoal por metade dos juros (#aprendicomoblog) e junção de todas as contas em apenas uma dívida - mais fácil de controlar. Lindenho, meus parabéns.

Aí que nasce o perigo: se tudo está de acordo, você bem que merece sair para jantar e comemorar, tomando um belo vinho caro e assistindo a uma peça de teatro. Ou, quem sabe, pagar uma rodada de cerveja para os amigos. Ainda, é um ótimo momento para se auto presentear a si próprio (ou a si própria) com aquela coisa-importante-e-crucial-para-sua-existência que você sempre precisou-necessitou-quase-morreu-sem. Meu conselho: cuidado!

Não é porque as dívidas estão todas em uma mesma caixinha que essa caixinha vai explodir e levar as 16 parcelas consigo. O mais trabalhoso é se reeducar, como se fosse realmente um regime, e gastar somente o necessário. Pense antes de gastar cada Real. Lembre-se que R$ 1 por dia representa R$ 30 no fim do mês. E que se você dever R$ 30 no cheque especial, em um mês, serão cobrados uns 8% sobre o saldo (leia mais sobre em Come dinheiro) . Some as pequenas contas.

Para que tudo isso seja possível, é preciso tomar duas atitudes um tanto quanto difíceis para o ser humano capitaista, pós moderno, consumista e respirante: cancelar o cartão de crédito e abrir mão do cheque especial. E não ache que cortar é o mesmo que cancelar. O banco não sabe que você cortou o treco e continua cobrando a anuidade: é preciso DEFINITIVAMENTE dar fim na joça e aproveitar a viagem para descredenciar o cheque especial. Os ultimos dias do mês serão de muita adrenalina, mas pelo menos você não correrá o risco de se afundar novamente no saldo da conta e no rotativo do cartão, além de ter de arcar com o empréstimo que seria o seu salvador. Vai doer no começo, mas depois será possível enxergar os benefícios.

Fique esperto: cartão de crédito é algo genial e que deve ser usado como um aliado financeiro, mas apenas por pessoas controladinhas. É aquela velha história da dosagem, que define o remédio e o veneno. No futuro, dedicaremos um post especialmente a ele e suas vantagens.  Já o cheque especial é sempre vilão. Fuja dele!

Sua missão de hoje é: cancelar o cartão e o cheque especial

(crédito da imagem: http://www.sxc.hu/)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Copão? Só se for com cerveja!

[ParaSairDaRotina] Parem as máquinas!!!! O Comitê de Política Monetária (Copom, e não Copão) manteve a Selic, que é a taxa básica de juro da economia, em 8,75% ao ano.



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Poxa vida


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E eu com isso?

Pois é, pessoa. Você acha que isso não tem nada a ver com sua vida, que é chato demais para ser levado em consideração e que, no fundo no fundo, tantofaz. Acreditar nisso é mais fácil, não é mesmo? Claro que sim! Mas muito mais fácil para você ser engabelado. Se você paga juros, tem obrigação de saber que porcaria é essa Selic. Não acredita? Entao faça uma forcinha para entender que eu vou fazer uma ainda maior para explicar.

Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia (grande coisa).
Ela já tem 30 anos (grande coisa²)
Ela impacta diretamente o custo do dinheiro que você empresta do banco (finalmente começamos a falar de algo que eu entendo!)

Vou tentar resumir a parte teórica. Você manja de oferta e procura? Por exemplo: a Ellus lança um modelo especial de calça, que tira o culote e faz qualquer mulher feliz. Só que, aqui no Brasil, a desgramada vai oferecer só 1 000 unidades. E tem 10 000 mulheres providas de culote desesperadas para comprar uma. O que acontece? A-ha: o preço sobe! A lei da oferta e procura afeta diretamente o preço. Da mesma forma que um chevette 77 a álcool tende a custar cada vez menos.

Vamos aplicar isso à Selic. A economia está que é uma beleza. Milhares de pessoas ganhando mais e comprando mais. O dinheiro rola que nem louco no mercado. Mais pessoas procuram produtos, compram carro, o crédito está barato e farto. O que acontece? Os preços sobem de forma generalizada. E o que é preciso fazer para contar a inflação (que nada mais é do que o aumento de preços?):  frear essa galera compradora. Para isso, o Copom, ligado ao Banco Central, vai lá e eleva o juro básico. Consequentemente, os outros juros sobem, tornando a parcela do seu carro mais cara e levando você a segurar seus impulsos consumistas. Os preços se acalmam e a inflação é controlada.

Mas por que a Selic, que eu nem sei para que serve, impacta na parcela do meu carro?

Entre outras coisas, Selic norteia o custo de captação entre os bancos, o famoso CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Para simplificar a coisa a uma forma bem tosca só para me fazer entender, suponhamos que o Itaú precise de uma grana para poder emprestar dinheiro para um correntista. Ele vai para o Bradescão e pede: "me arruma R$ 1 milhãozinho? Pago 100% do CDI (ou seja, 8,75% ao ano)".

O Bradesco topa topa, por que não?

Pronto. Operação interbancária concluída. Agora, se o Copom eleva os juros para, digamos, 10%, consequentemente o custo relativo a 100% do CDI sobe. E isso é repassado ao pobre correntista do Itaú. Já se a Selic cai,  o custo do empréstimo também recua. Sacou? Nem é tão difícil assim, vai.

Fique esperto: o fato de a Selic estar em 8,75% ao ano não significa que você paga isso para o banco. Ele cobra o chamado spread, que é a diferença entre o custo que ele tem para levantar o dinheiro e o que ele cobra de você. Para você ter uma ideia, o cheque especial chega perto de 200% ao ano. Isso sim que é bom investimento, não?

Sua missão de hoje é: descobrir qual o spread que seu banco aplica

(crédito foto: gentes, juro. pesquisei "cerveja" no google images e achei essa aqui num blog de dentista, ensinando a fazer pasta de dente saber cerveja. Veja aqui. ADORO a internet, apesar de não ter achado a autoria da imagem)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Come dinheiro

[ParaSairDaRotina] Então, você sabe quanto dinheiro gasta com o cheque especial? Se sua resposta é negativa, não se desespere. Com toda certeza, há muitas pessoas na mesma situação que você.


Veja lá: de acordo com pesquisa do Procon de São Paulo (de novo ele?), no começo deste mês, a taxa mensal cobrada pelos dez principais bancos de varejo iam de 6,72% (Caixa Econômica Federal) a 12,3% (Safra). Pouquinho, né?

Vamos por partes para que seja possível entender o preço. Você sabe quanto rende o rico dinheirinho aplicado na malfadada porpança? Com sorte, 0,6% ao mês. O rendimento mínimo é de 0,5% ao mês, mais a taxa referencial (que é balizada pela Selic, por sua, vez, a taxa básica de juro da economia). A taxa referencial, ou TR, deve ficar em menos de 2% ao ano em 2009. Em uma conta simples e burra, dá menos de 0,2% ao mês. Entendeu?

Pois bem. Quanto o banco lhe cobra entre 6% e 12% ao mês pelo saldo automático de sua conta, ela lhe paga de volta cerca de 0,6%. Triste, triste.

Por isso, se você tem dinheiro aplicado na porpa e deve no cheque especial, salde o valor devido. Financeiramente é a melhor estratégia.

Então vamos lá, em uma continha simples para você saber quanto custa em juros, no fim do mês, aquele dinheiro emprestados do banco. A conta é minha mesmo. As taxas de juro, como expliquei, são do Procon. Vamos considerar que você ficou devendo R$ 850 em um mês, sem dever mais nada ao longo dos próximos cinco meses. Veja o saldo acumulado no período.


Dá uma olhadin:



Sua missão de hoje é: fazer o possível para quitar essa joça

(crédito Mr Packman: Daniel Stilpen)

Procon-SP promove palestra sobre orçamento doméstico

[DicaDaBooa] Gentes, o Procon de São Paulo tem um time excelente que com certeza dá uma mão na roda no ajuste do orçamento doméstico. E muito melhor do que isso: é de grátis, não comprometendo o seu planejamento. Vale a pena conferir!

Veja o comunicado:

A Fundação Procon-SP, promove no dia 16 de dezembro (quarta-feira) palestra gratuita sobre Orçamento Doméstico. A palestra tem como objetivo estimular o consumidor a repensar hábitos e atitudes no dia-a-dia da sociedade de consumo.


Durante o evento, serão fornecidas dicas para orientar o cidadão sobre como planejar corretamente o orçamento familiar. Também será exibido um filme sobre desperdício para sensibilizar a todos sobre o problema. Os participantes receberão um informativo sobre Orçamento Doméstico elaborado pelo Procon-SP.



A palestra será realizada no auditório do Procon-SP, na Rua Barra Funda, 930, 4º andar, sala 407. As inscrições podem ser feitas pelo telefone 3824-7065, das 8h às 12h, de segunda a sexta-feira, e pelo site www.procon.sp.gov.br. As vagas são limitadas.





Serviço
Dia e hora: 16 de dezembro (quarta-feira), das 09h00 às 12h00.
Local: Auditório do Procon-SP / Rua Barra Funda, 930, 4º andar, sala 407.
Inscrições: gratuitas, pelo telefone 3824-7065, das 8h às 12h.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Negociando o impagável

[Dia 7] Viver dá gasto, não é, minha gente? Da mesma forma que viver dá câncer, rugas e falência múltipla de órgãos. Por mais regrados, econômicos, endividados ou malucos que sejamos, uma hora vamos morrer e deixar nossa conta bancária - seja ela negativa ou positiva - para trás. Então, para que economizar?

Realmente é uma coisa a se pensar. Então vamos mandar tudo às favas! Chega de tomar banho, escovar os dentes, estudar, tirar ramela do olho e comer! Tudo é passageiro. Vamos viver como os estoicos e apenas admirar o esplendor da vida, vivendo de restos e sem qualquer pretensão, seja ela financeira ou social.

Já que a vida não é assim e é muito fácil colocar a culpa do seu descontrole financeiro na efemeridade dela, o negócio mesmo é tentar, se não conseguir ficar rico, apenas viver bem e descansar de noite, sem se preocupar com as contas que vão vencer a descoberto.

Pegue sua listinha cheia de números, cifras e rabiscos. Cortou tudo o que era gordura? Até sobrou uma graninha, olha que beleza. Acabou? Claro que não.

Seria lindo se suas dívidas simplesmente desaparecessem, não é mesmo? Aquele empréstimo no banco, o saldo a pagar do cartão de crédito que já entra em seu terceiro aniversário, o cheque especial... tudo isso é dinheiro. E dinheiro muuuuito caro. Em um outro post falaremos sobre taxas de juros e como elas comem o que temos e não temos.

Você precisa calcular tudo o que deve e tentar chegar a um acordo com seus credores. Procure-os. Eles ficarão tão felizes com sua pró-atividade que até te darão um descontinho. Não acredita? Então tente. Mais vale para um banco receber um valor menor do que o projetado do que ficar com um crédito podre em seu balanço, sabendo que ele nunca será pago.

Veja quanto fica o pagamento de tais contas à vista. Levante dinheiro com algum parente - desde que a conta seja completamente "pagável" e ele seja parceirão, sem estragar a relação dos dois. Digo isso porque emprestar da família sai muito mais barato do que do banco. Só que você tem que pagar: é impossivel evitar as festas de família para sempre. No caso de não conseguir uma fonte menos mercantilista de dinheiro, vá ate o banco e procure uma alternativa mais barata. Pode parecer loucura, mas mais vale pagar o juro de um crédito pessoal - especialmente se ele tiver desconto em folha, por ser mais barato - do que arcar com o cheque especial ou o rotativo do cartão de crédito. Unifique suas dívidas com um único credor, negocie prazo, parcela e juro. Importantíssimo: é extremamente necessário que a parcela do empréstimo caiba em seu salário, para não haver novo descontrole.

Agora, se você não conseguir unificar todas as dividas, crie uma lista de prioridades e salde, aos poucos, aquelas mais importantes. Dê preferência àquelas com juros maiores, porque, nesses casos, a bola de neve aumenta com o tempo. Força que no próximo post vai piorar!

Sua missão de hoje é: pesquisar crédito e escolher aquele com melhores condições de pagamento, parcela e juro

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Jingle bells

[Dia 6] Pois é. Você leu este lindo e colorido blog e decidiu mudar sua vida em uma época, digamos, um pouco complicada no que diz respeito a bolso.

Ah, o Natal! Filmes temáticos na TV, nos quais todos vestem roupas pesadas e brincam na neve enquanto você quase derrete indo trabalhar de ônibus (desprovido de ar-condicionado, diga-se de passagem) sob um sol de 40 graus. Árvores enfeitadas com neve artificial, o enigmático chester - uma ave que nunca ninguém viu piando e que surge apenas em momentos pontuais - cheio de anabolizantes que daqui a alguns anos lhe renderão um câncer. As crianças dando escândalo no shopping porque querem um laptop da turma da mônica. Você enfrentando horas e horas de fila na 25 de março para conseguir economizar R$ 0,50 em uma bola para enfeitar a árvore de natal que será inavriavelmente quebrada pelo seu cachorro tresloucado tão logo for pendurada na árvore. Tudo mágico e lindo: pais mal-humorados com o dinheiro e tempo gastos, crianças mal-educadas que não merecem um presente do papai e noel e aquele cunhado inconveniente, que fica bêbado na véspera e chama a avozinha de 85 anos para dançar o créu. Tudo lindo e de bom gosto.

Mas fazer o quê? Em momentos como este que nossos anseios mais consumistas vêm à tona e queremos gastar como se não houvesse amanhã. Esquecemos do IPVA, IPTU, material escolar e matrícula e vamos à forra! U-hu!

Pera lá. Como você vai sair da pinda sem dizer adeus ao seu recém-nascido décimo terceiro? Segure a peruca e a barba de papai noel. Comprar é bom. Mas comprar e ter dinheiro para pagar é realmente fantástico.

São diversas as coisas que você pode fazer com o abono de fim de ano. Pagar a dívida do cheque especial, saldar o cartão de loja, quitar a dívida da feira com a sua tia ou, simplesmente, guardar a grana para as contas de começo de ano. Mas se você insiste em não usar bem essa gratificação e quiser se render àquela necessidade louca de ficar pobre, faça com moderação.

Pesquise preços em lojas físicas e virtuais. Sabemos que shoppings, ainda mais nesta época do ano, são proibidos, não é mesmo? Dê preferência a lojas de rua (sem ser a Oscar Freire, obviamente), pegue um sábado a tarde e bata perna. Ande sem dó, não se empolgue logo na primeira loja.

Tenha uma lista em mãos do que é necessário comprar. Leve dinheiro contado e não ouse sacar seus cartões de crédito ou de débito. Deixe-os em casa. Estipule um valor máximo que você pode gastar e não fuja de seu planejamento. Se fugir, irá se arrepender depois. Vai por mim.

A internet também é uma alternativa sensacional. Existem sites no Orkut de cupons de desconto. Várias pessoas abençoadas pelo bom anjo financeiro colocam esses cupons, que podem ser usados por todos (se fosse negativo, as lojas virtuais já teriam dado um jeito de evitar isso). Basta se credenciar às comunidades, gratuitamente também. Dá uma olhadinha lá!

O twitter também tem sido usado para promoções-relâmpago. Siga algumas lojas e veja as ofertas e boas oportunidades dadas. Mas lembre-se: bom negócio é pagar pouco por aquilo que você vai comprar - e não pagar R$ 30 mais barato que a tabela por algo que você não precisa. Cuidado com a compulsão!

Sua missão de hoje é: procurar opções baratas

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Em finanças, não tem nada de Marte e Vênus

[ParaSairDaRotina] Gentes, superbacana essa pesquisa que a Catho Oline fez. Aqui estão as informações sobre prioridades de cortes orçamentários em momentos de crise financeira, tanto para homens quanto para mulheres.

Em primeiro lugar, em ambos os casos, vêm despesas com lazer. As pequenas estão em segundo lugar.

Em alguma coisa, pelo menos, os homens e as mulheres pensam de forma parecida!

Dê uma olhada na lista cheia de números, cifras e rabiscos. Qual item foi primeiro para a guilhotina?
Comentaê!

Sua missão de hoje é: ignorar esse negócio de cortar o investimento em despesa privada. Se fizer isso, roubará você mesmo daqui a 40 anos. E roubar velhinho é feio!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Mentira! Pode ir gastar :)

[Dia 5] Que coisa mais linda! Você tem uma lista bem bonitinha na mão, cheia de números, cifras e rabiscos. Agora é só guardá-la na gaveta, ir ao ahopping e comprar um sapato para se animar e se esquecer desse negócio de planejamento financeiro, não é?

Pode até ser. Se você considera qualidade de vida rezar para o cartão passar e não almoçar nos últimos dias do mês porque você vendeu o visa vale para pagar o ônibus, ok. Cada um é feliz e tem o que merece, não é mesmo? Mas por favor, retire-se porque este espaço cibernético é voltado àqueles que querem mudar de vida e ter uma graninha sobrando no fim do mês. Àqueles que querem comprar por prazer e dormirem tranquilos porque sabem que não precisarão vender as cuecas no farol para comprar uma Coristina D. Vai, chispa!


Se você ficou, é hora de jurar a si mesmo que vai mudar. Ensinar a fazer listinha com receita e despesa qualquer blog mequetrefe consegue, filhão e filhona. O negócio aqui é mais complexo e requer mais psicologia: você precisa querer mudar. E simplesmente aceitar que, por um período de tempo, a vida vai ficar complicadinha.

Você vai abrir mão da cervejinha com os amigos no fim de tarde (não interessa que é verão e tradição pós-expediente), não participar nem do amigo secreto - que já é sinônimo de pobreza coletiva - para salvar os R$ 20 que virariam meia para o seu avô e seguir à risca esse seu planejamento nascido da listinha cheia de números, cifras e rabiscos.

Pendure ela na geladeira, na parede do quarto ou do banaheiro, para os momentos de reflexão. Ela é o seu mantra, sua única verdade e aquela a quem você deve obediência e justificativas.

A coisa vai ficar feia. Por isso que eu "falei", no texto anterior, que este talvez seja o post mais importante de todos. É aquele no qual você decide se vai ou se racha. Se guarda o papel na gaveta e compra o par de sapatos ou se pendura a dita cuja na geladeira e assume para si mesmo: vou ficar na pindaíba por um tempo, mas depois vou emergir que nem uma diva (ou um fênix, para os leitores do sexo masculino mais voltados ao universo mitológico). Vamos nessa que eu to contigo!

Sua missão de hoje é: não se desesperar. É só uma fase

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Com a faca na mão

[Dia 4] Acho que lhe preparei bem para esse momento, não é mesmo? Você não teria chegado até aqui, o quarto passo da caminhada, se não estivesse realmente a fim de mudar de vida e por ordem na casa. E como eu já alertei que não seria fácil, hora de dar uma olhadinha no lado direito de sua lista e ver o que você pode cortar. E, principalmente, o que você DEVE cortar.

É preciso identificar os supérfluos e achar alternativas inteligentes. O primeiro a ser assassinado sumariamente é o celular. Especialmente se você tem mais de um. Conta pós-paga? Esquece. Fique com o pré mesmo, e sem crédito algum. Pós é coisa para gente controlada e, se você fosse do time delas, nao estaria aqui, lendo este blog. Por favor, sem melindres e sem levar as coisas para o lado pessoal. Mudanças efetivas não são atingidas com carinho na cabeça.

TV à cabo é outra conta cortável. Assim como academia, revista Caras e similares (iugh!), doces, passeios caros, viagens, manicure, pedicure, lava rápido, entre outros. O que você jamais, em hipótese alguma, pode tirar de usa lista de prioridades são convenio médico, seguro do carro e da casa. E internet, obviamente. Como você vai ler os próximos ensinamentos da educação financeira? Assim complica...

Brincadeiras à parte, é preciso avaliar o que você tem e o que você pode ter. A prestação do carro, mais combustível e seguro estão lhe afundando? Venda e transfira a dívida para outra pessoa. Em posts futuros, daqui a algum tempo quando você estiver mais estabilizado ou estabilizada, falarei de formas inteligentes de comprar um carro sem tanto dinheiro. Mas não agora, a fase é outra.

Em situações como esta, vale a máxima: não gaste hoje o que pode render-lhe retorno amanhã. Mais vale abrir mão de um padrão de vida que você se sufoca para ter do que afundar-se em sua própria tentativa de melhorar sua situação. Uma vida sólida financeiramente depende de bases igualmente sólidas, formadas por pilhas de dinheiro rendendo no banco. É tipo o Brasil e o FMI: agora, que vamos emprestar quase US$ 15 bilhões para o fundo, revertemos nossa situação de primo-pobre e mostramos quem veio botar banca. Faz bem para o ego. E se o ego está devidamente massageado, as coisas positivas fluem naturalmente.

Voltando à poda, acabe com tudo o que pode comprometer seu orçamento. Gasta com restaurante no trabalho? Leve comida de casa. Vai gastar R$ 15 em uma revista? Procure conteúdos similares na internet, a mãe dos pobres e dona de uma cultura inigualavel. Faça suas próprinhas unhas. Lave seu carro. Lave sua roupa. Cozinhe sua comida. Pense antes de gastar cada real de sua carteira. E acima de tudo, tenha em mente: isso é apenas uma fase. Uma fase chata, mas que vai passar. E lhe ensinar muito também.

A parte mais crucial, talvez, virá no próximo post.

Sua missão de hoje é: descredenciar cada contrato considerado como supérfluo

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Curto ou longo?

(não, não é café. é prazo!)

[Dia 3] Fez aquela lista? Espero que sim e, principalmente, que tenha sido honesto ou honesta quanto aos mínimos detalhes.

Para facilitar, vamos fazer assim: coloque todos os gastos miúdos em uma mesma cesta. Por exemplo:

- Sorvete: R$ 2,50 ao dia
- Revista: R$ 15 a mês
- Lanche na padaria: R$ 5 ao dia
- Manutenção de conta corrente: R$ 10 ao mês

(e assim por diante)

Total de "gastos miúdos" por semana: R$ 30
Total por mês: R$ 120

(não me acuse de fazer a conta errada! ela é meramente ilustrativa. Se eu quisesse, o lanche na padaria poderia valer R$ 150 e você não teria o direito de reclamar.. hehe)

Assim sua planilha será montada de uma forma muito mais simples e prática. Pois bem.

Agora, analise o resultado de seus gastos mensais: o que é realmente fixo (água, luz, aluguel) e o que é fixo-variável (cartão de loja cujas prestações estão acabando e outros crediários).

Com base nisso, você faz sua provisão financeira de longo prazo. Veja:

- Cartão de loja: mais 3 parcelas de R$ 150 (dezembro, janeiro e fevereiro)
- Crediário da geladeira: mais 5 parcelas de R$ 220 (dezembro, janeiro, fevereiro, março e abril)
- Viagem: mais 4 parcelas de R$ 100 (dezembro, janeiro, fevereiro e março)
- DívidaQueNãoAcabaMais: 10 parcelas de R$ 50 (blablablabla)

Assim fica fácil ter uma ideia real de sua situação e avaliar o que deve ser feito em um período maior de tempo.

No próximo post será hora da carnificina.

Sua missão de hoje é: preparar-se para ser mais auto-suficiente. Você vai entender

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Passando a limpo

[Dia 2] Que uma coisa fique clara antes de começarmos: nunca disse que isso seria fácil. Sem promessas, é hora de, realmente, botar a mão na massa.

Então você não está nada bem, financeiramente falando? O dinheiro é sugado pelo limite do seu cheque especial tão logo chega o quinto dia útil e as contas não param de cair no débito automático? Ou então elas batem e voltam e aquela loja com cartão próprio já ligou cinco vezes para você nesta semana pelo atraso de dois meses no pagamento da fatura? Melhor (ou pior): cortaram a linha pós-paga do seu celular por falta de pagamento e você ficou apenas com aqueles outros dois telefones móveis de crédito (e sem nenhum crédito, veja bem)? E, no meio do caminho, sua mãe ainda me fica doente e você tem que recorrer ao dinheiro que não tem para comprar remédio?

Nestes momentos você se sente o último burguês que não deu certo de todo esse Brasil e lamenta sua falta de sorte, não é mesmo? Pois largue a mão e se achar tão especial.

Você é tão endividado quanto a pessoa que se sentou ao seu lado no ônibus ou quanto aquele cara dentro do carro bacana. Gastar mais do que ganha é algo inerente ao ser humano relegado a esse mundo regido pelo dinheiro. E e não me venha esbravejar com discursos neo-socialistas porque na hora de comprar aquela roupa nova você bem que gosta do capitalismo. Todos nós gostamos!

O primeiro passo, queridão e queridona, é parar de se achar vítima. Deixar de culpar os outros pelas suas contas a vencer e partir para a ação.

Um exerício simples é a famosa lista de controle. Pegue um pedaço de papel e escreva, do lado esquerdo, seu rendimento mensal líquido. Veja bem: LÍQUIDO. Se é salário, precisa descontar o INSS, IR e até aquele um real simbólico que a firma abate para compensar seu vale refeição.

O pior vem agora, prepare-se: do lado direito, escreva todos seus gastos. Veja bem: TODOS. Até aqueles dez reais que você deve para a vizinha que vende cosmético por catálogo e o sorvete que você gosta de tomar de fim de semana. Tudo, tudinho.

Em momentos como este, tendemos a esquecer de algumas coisas. Não o faça. E não inclua na lista o limite do cheque especial, por enquanto. Vamos por partes.

Após isso, basta somar todos os seus gastos mensais e subtraí-lo do seu salário líquido. Triste, não é? Falaremos dos próximos passos em um terceiro post.

Sua missão de hoje é: inserir na lista aquela conta que você considera insignificante demais para merecer um lugar só dela entre suas despesas. Não a menospreze

domingo, 22 de novembro de 2009

Você não está só

[Dia 1] Dinheiro. Pode ser a salvação ou a perdição de alguém. O modo como cada um lida com ele é o que dita a saúde financeira - e por que não psicológica - de uma vida inteira. Besteira? Pois eu digo que não.

Vamos aos fatos: a maioria da população, acredito que em torno de 80% dela (a proporção que não tem um contracheque polpudo), gasta mais do que ganha. Por isso que o limite do banco, o cartão de crédito e até aquele empréstimo bacana que o banco garante estar pré-aprovado acabam segurando os últimos dias do mês, que insiste em ser mais comprido que o salário.

E vamos combinar. Quanto mais além do salário você gasta, menos importância tem esse ato. "Já to lascada mesmo, não são dez reais que vão mudar minha vida!". Mas são. Para um endividado, qualquer um real, acredite, muda o rumo das coisas. Isso tudo por causa de uma coisa mágica inventada pelo capitalismo: os juros.

"Mas eu tenho dez dias sem juros no cheque especial! Isso não pode se tornar um problema". Vai nessa, filho. Dez dias passam voando quando é preciso pagar um credor. E acredite: o banco não faria uma promoção dessas se acreditasse que você, além de oito entre dez pessoas, não se perderia no prazo.

Aproveitando o gancho, esse negócio do tempo tem uma relatividade absurda. Quando é para cair o adiantamento ou o próprio salário, o dia nunca chega. Não adianta marcar o calendário, fazer reza braba ou pedir uma forcinha para a sorte. Agora quando é para pagar conta, a coisa muda de figura. Se o seu salário cai no dia cinco e a prestação do carro vence no dia oito, pode ter certeza absoluta que a segunda data, inexplicavelmente, chegará antes da primeira. Juro.

Pois bem. Depois de alguns devaneios, vamos ao que interessa: estou aqui para lhe ajudar. Porque viver com a corda no pescoço tira a alegria de qualquer um. E este blog é para mostrar que, por mais que você esteja até com o joelho atolado dentro da jaca, é possível sair dessa. Para isso, basta manter o dedos unidos - e longe de cartões e folhas de cheque - e fazer força para se desprender dessa situação. Você vai conseguir. Eu já consegui.

A partir de agora, a vida é nova. Então vamos às regras do jogo.

Sua missão de hoje é: não gastar nem um real